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Conselhos aos Idosos
LivrosAutor: Ellen White
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Os links abaixo estão disponiveis com permissão do Ellen G. White Estate em Silver Spring, Maryland, EUA.

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Não há pecado em chorar

Querida irmã:

Simpatizamos com você em seu luto e viuvez. Passei pelo caminho que você agora palmilha, e sei o que significa. Quanta tristeza existe em nosso mundo! Quanta aflição! Quanto pranto! Não é direito dizer aos que estão de luto: "Não chore! Não é direito chorar." Essas palavras pouca consolação encerram. Não há pecado em chorar. Embora o falecido tenha sofrido por anos, devido à fraqueza e dor, isso não enxuga de nossos olhos as lágrimas.

Nossos queridos falecem. Encerram-se suas contas com Deus. Mas conquanto consideremos coisa séria e solene o morrer, devemos, entretanto, considerar coisa muito mais solene o viver. Cada dia de nossa vida se acha carregado de responsabilidades de que nos devemos desempenhar. Nossos interesses individuais, nossas palavras, nossas ações, fazem impressão sobre aqueles com quem temos contato. Devemos encontrar nosso consolo em Jesus Cristo. Precioso Salvador! Ele sempre Se condoeu da desgraça humana... Apegue-se à Fonte de suas forças. — Mensagens Escolhidas 2:264.

O Senhor seja seu conforto

Prezada irmã:

Acaba de ser-me colocada nas mãos uma carta da irmã G, dando notícia de seu luto. Simpatizo profundamente com você, minha irmã. Se eu estivesse onde pudesse visitá-la, assim o faria. ...

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Dir-lhe-ei, minha irmã, que o Senhor não deseja que se aflija, possuindo-se de tristeza. Seu marido foi poupado muitos anos mais do que eu supunha. Deus misericordiosamente o poupou, e misericordiosamente, após muito sofrimento, o pôs a descansar em Jesus. ... Seu marido e meu marido estão repousando. Não têm mais dor, nem sofrimento. Estão em repouso.

Sinto, minha irmã, você estar em aflição e tristeza. Mas Jesus, o precioso Salvador, vive. Ele vive para você. Quer que seja confortada em Seu amor. Não se acabrunhe; confie no Senhor. ... Não se queixe. Não lamente nem chore. Não olhe para o lado escuro. Deixe que a paz de Deus reine em sua alma. Então terá força para suportar todos os seus sofrimentos, e se alegrará de ter graça para resistir. Louve ao Senhor; fale de Sua bondade, fale de Seu poder. Suavize a atmosfera que circunda sua vida.

Não desonre a Deus por palavras de descontentamento, mas louve-O com o coração, com a voz, com todo o ser. Olhe para o lado brilhante de todas as coisas. Não introduza em seu lar uma nuvem ou sombra. Louve Aquele que é a luz de seu semblante e seu Deus. Faça isto, e verá quão suavemente tudo decorrerá. — Mensagens Escolhidas 2:266, 267.

Ellen G. White em sua hora de aflição

Em minha recente aflição, tive uma nítida visão da eternidade. Fui, por assim dizer, levada perante o grande trono branco, e vi minha vida como aparecerá ali. Não posso encontrar coisa alguma de que me glorie, mérito nenhum que possa alegar. "Indigna, indigna do menor dos Teus favores, ó meu Deus!" é meu brado. Minha única

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esperança está no crucificado e ressurgido Salvador. Alego os méritos do sangue de Cristo. Jesus salvará perfeitamente a todos os que nEle puserem a confiança.

Às vezes me é difícil conservar o semblante alegre, quando meu coração se parte de angústia. Mas não permito que minha tristeza lance sombra sobre todos os que me rodeiam. Períodos de aflição e tristeza muitas vezes se tornam mais acabrunhadores e aflitivos do que deveriam ser, porque é costume entregar-nos a lamentos sem restrição. Pelo auxílio de Jesus, resolvi fugir a este mal; minha resolução, porém, foi duramente provada. A morte de meu marido foi para mim pesado golpe, sentido mais agudamente porque foi repentino. Quando vi o selo da morte sobre seu semblante, meus sentimentos foram quase insuportáveis. Anelava desabafar em altos gritos a minha angústia. Sabia, porém, que isso não salvaria a vida de meu amado, e concluí que não seria cristão entregar-me à tristeza. Busquei auxílio e conforto de cima, e as promessas de Deus em mim se verificaram. Susteve-me a mão do Senhor. É pecado condescender, sem restrições, com choro e lamentos. Pela graça de Cristo podemos, sob severa prova, ficar tranqüilos e mesmo animados.

Aprendamos uma lição de ânimo e fortaleza da última entrevista de Cristo com os apóstolos. Estavam para separar-se: Nosso Salvador penetrava na vereda sangrenta, que O levaria ao Calvário. Nunca houve cena mais probante do que essa pela qual havia de logo passar. Os apóstolos haviam ouvido as palavras de Cristo, predizendo Seus sofrimentos e morte, e tinham o coração pesado de tristeza, o espírito transtornado pela dúvida e temor. Entretanto, não

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houve gritos de desabafo; não se abandonaram à tristeza. Aquelas últimas, solenes e momentosas horas, passou-as o Salvador dirigindo palavras de conforto e confiança aos discípulos, e então todos se uniram num cântico de louvor. — Mensagens Escolhidas 2:267, 268.

Sonhos de Ellen com Tiago logo após sua morte

Faz alguns dias, estava rogando a Deus que me desse luz sobre meu dever. À noite, sonhei que estava dirigindo uma carruagem, assentada do lado direito. Papai estava na carruagem, sentado à minha esquerda. Estava muito pálido, mas calmo e tranqüilo. "Papai", disse eu, "sinto-me tão feliz por ter você de novo ao meu lado! Sentia-me como se metade de mim tivesse ido embora. Papai, vi você morrer; vi você ser sepultado. Teve o Senhor pena de mim, deixando que voltasse para trabalharmos juntos de novo como costumávamos fazer?"

Ele olhou-me muito triste e respondeu: "O Senhor sabe o que é melhor para mim e para você. Meu trabalho me era muito caro. Cometemos um erro. Aceitamos os convites insistentes dos nossos irmãos para assistir a reuniões importantes e não tivemos coragem de recusar. Essas reuniões desgastaram-nos, a ambos, mais do que imaginávamos. Nossos bons irmãos ficaram contentes, mas não compreenderam que essas reuniões foram para nós um fardo pesado demais para serem suportados com segurança em nossa idade. Eles nunca saberão das conseqüências desse longo e contínuo esforço sobre nós. Deus queria que eles levassem os fardos que levamos por anos. Nossas energias nervosas foram sobrecarregadas continuamente, e nossos irmãos, julgando mal nossos motivos e não

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compreendendo nossos fardos, enfraqueceram o trabalho do coração. Cometi erros e o maior deles foi permitir que minha simpatia pelo povo de Deus me levasse a fazer o trabalho que outros deveriam ter feito.

"Agora, Ellen, os convites continuarão a vir, pedindo que você assista a reuniões importantes, tal como aconteceu no passado, mas submeta esse assunto a Deus e não responda aos mais insistentes convites. Sua vida está pendurada por um fio. Você precisa descansar, livre de toda a excitação e de todos os cuidados desagradáveis. Poderíamos ter feito um grande trabalho durante anos com nossas penas, apresentando ao povo temas de que necessitam e sobre os quais tivemos luz que outros não têm. Assim você pode trabalhar quando suas forças voltarem, e poderá fazer mais com sua pena do que com sua voz."

Ele olhou para mim súplice e continuou: "Você não vai negligenciar esta admoestação, não é, Ellen? Nosso povo nunca saberá sob que enfermidades trabalhamos para servi-los porque nossa vida esteve entretecida com o progresso da obra, mas Deus sabe de tudo. Lamento que me tenha preocupado tanto e trabalhado tão exageradamente nas emergências, deixando de respeitar as leis da vida e da saúde. O Senhor não requer de nós que levemos tão pesados encargos, enquanto que muitos dos nossos irmãos levam tão poucos. Deveríamos ter ido para a costa do Pacífico há mais tempo e ter gasto nosso tempo e nossa energia escrevendo. Fará você isto agora? Quando suas forças voltarem, tomará sua pena e escreverá sobre estas coisas que antecipávamos havia tanto tempo e diminuirá sua pressa? Há assuntos importantes dos quais nosso povo precisa.

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Ocupe-se principalmente com isto. Você terá de falar algo para o povo, mas evite as responsabilidades que nos abateram."

"Bem", disse eu, "Tiago, de qualquer maneira, você vai ficar comigo agora, e trabalharemos juntos." Disse ele: "Estive em Battle Creek tempo demais. Deveria ter ido para a Califórnia mais de um ano atrás, mas queria ajudar a obra e as instituições em Battle Creek. Cometi um erro. Seu coração é sensível e estará inclinada a cometer os mesmos erros que eu. Sua vida pode ser útil à causa de Deus. Oh, aqueles preciosos temas que o Senhor queria que eu apresentasse ao povo, jóias preciosas de luz!"

Acordei. O sonho tinha parecido ser tão real. Agora pode ver e compreender por que não me senti na obrigação de ir a Battle Creek com o propósito de assumir responsabilidades na Associação Geral. Não tenho o dever de estar na Associação Geral. O Senhor me proíbe. Isto basta. — Carta 17, 1881.

Votos de prosseguir após a morte do marido

Durante esta grave doença

Pág. em Oakland, Califórnia, 1888

Gostaria de fazer um apelo para que amem uns aos outros e conservem o coração compassivo pela lembrança do amor de Jesus exercido sobre eles pelo que Cristo por eles fez. Ele disse: "Que vos ameis uns aos outros". João 15:12. Jamais poderei expressar com pena ou voz a obra que reconheci ser posta diante de mim naquela ocasião quando estava ao lado do meu esposo moribundo. Não perdi a solene visão que tive do meu trabalho enquanto sentava junto à cama do meu esposo com sua mão moribunda entre as minhas. — Manuscrito 21, 1888.

Reflexões de Ellen G. White sobre a morte de Tiago White

Após a morte do meu marido, um dos nossos irmãos, que tinha muita consideração por ele, me disse: "Não deixe que o sepultem, mas ore ao Senhor para que o traga de volta à vida." Respondi: "Não, não, embora compreenda minha grande dor, não farei isto." Senti que ele já havia feito seu trabalho. Ninguém senão eu mesma sabia quão grande era o fardo que levara nos esforços que tínhamos envidado para o avanço da verdade. Ele tinha feito o trabalho de três homens.

Noite após noite, no princípio do nosso trabalho, quando o avanço parecia estar sendo embaraçado por todos os lados, ele dizia: "Ellen, precisamos orar. Não podemos desistir até que sintamos o poder de Deus." Ele ficava acordado por horas e dizia: "Ó Ellen, estou tão aflito. Quer orar por mim para que não fracasse, nem fique desanimado." Juntos apresentávamos nossas orações com fortes clamores e lágrimas, até que de seus lábios vinham as palavras: "Obrigado, Senhor; Ele me falou de paz. Tenho luz no Senhor. Não falharei. Levarei a batalha até os portões." Deve ele sofrer tudo isto novamente?

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Não, não. De maneira alguma o chamaria deste sono tranqüilo para uma vida de trabalhos e dores. Ele vai descansar até a manhã da ressurreição.

Meu esposo faleceu em 1881. Durante o tempo que se passou, constantemente senti falta dele. Durante o primeiro ano após sua morte, senti intensamente minha perda até que quando estive nos portais da morte, o Senhor me curou instantaneamente. Isto aconteceu numa reunião campal realizada em Healdsburg, cerca de um ano depois da morte do meu esposo. Desde então, estive pronta para viver e pronta para morrer, exatamente como o Senhor achar que eu possa glorificá-Lo melhor. — Carta 396, 1906.

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