- Conselhos aos Idosos
Fortaleza na aflição
Capítulo: 010 011012
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Durante uma prolongada enfermidade
Cada correio tem levado de cem a duzentas páginas escritas por minha mão, e a maior parte foi escrita assim como estou agora, ou apoiada na cama por almofadas, meio deitada e meio sentada, ou recostada entre travesseiros numa cadeira incômoda.
Ficar sentada é muito doloroso a meus quadris e à parte inferior da espinha. Se neste país [Austrália] se encontrassem essas cadeiras de braços que têm no sanatório, logo eu compraria uma, mesmo que custasse trinta dólares. ... É com grande fadiga que posso sentar ereta e erguer a cabeça. Tenho de recostá-la no encosto da cadeira, sobre travesseiros, meio reclinada. Esse é meu estado justamente agora.
Mas não estou, absolutamente, desanimada. Sinto que sou sustentada diariamente. Nas longas e cansativas horas da noite, quando foge completamente o sono, tenho dedicado muito tempo à oração; e quando todos os nervos pareciam gritar de dor, quando, se eu pensava em mim mesma, parecia enlouquecer, a paz de Cristo me sobrevinha ao coração em tamanha medida que eu me tomava de gratidão e ações de graças. Sei que Jesus me ama, e eu amo a Jesus. Algumas noites tenho dormido três horas, outras noites quatro horas, e muitas vezes apenas duas; e, todavia, nestas longas noites
*Pelos fins de 1891, Ellen G. White, em resposta a um pedido da Associação Geral, viajou para a Austrália, para ajudar no fortalecimento da obra, recentemente fundada ali. Sua estada prolongou-se, chegando a nove anos. Logo após sua chegada, sobreveio-lhe longa e dolorosa doença. O que se vai ler mostra sua fortaleza através dessa doença.
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australianas, em meio às trevas, tudo ao meu redor parece luz, e desfruto suave comunhão com Deus.
Na primeira vez que me senti num estado de desamparo, lamentei profundamente ter transposto o vasto oceano. Por que não ficara na América? Por que, a expensas tão avultadas, estava eu neste país? Muitas vezes sentia vontade de enterrar o rosto entre as cobertas da cama e desabafar-me num bom choro. Mas não condescendi por muito tempo no luxo das lágrimas.
Disse de mim para mim: "Ellen G. White, o que quer você dizer? Não veio à Austrália porque achava que era seu dever ir aonde a Associação julgasse melhor que fosse? Não tem sido esta a sua maneira de proceder?"
Respondi: "Sim."
"Então, por que você se sente quase abandonada, e desanimada? Não será esta uma obra do inimigo?"
Respondi: "Creio que é."
Enxuguei o mais depressa possível as lágrimas e disse: "Basta: não mais olharei para o lado escuro. Viva ou morra, entrego a guarda de minha alma Àquele que por mim morreu."
Cri então que o Senhor faria bem todas as coisas, e durante esses oito meses de desamparo, não tive nenhum desânimo ou dúvida. Olho agora a essa questão como parte do grande plano do Senhor, para bem de Seu povo neste país, e pelos da América, e para meu próprio bem. Não sei explicar por que ou como, mas creio-o. E sinto-me feliz em minha enfermidade. Posso confiar em meu Pai celestial. Não duvidarei de Seu amor. Dia e noite tenho um guarda
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sempre vigilante, e louvarei ao Senhor, pois Seu louvor está em meus lábios porque procede de um coração cheio de gratidão. — Carta 18a, 1892; Mensagens Escolhidas 2:233, 234.
Oração e unção, mas não curada instantaneamente
Maio 21, 1892. Terminou a noite probante, quase insone. Ontem à tarde o Pastor [A. G.] Daniells e esposa, Pastor [G. C.] Tenney e esposa, e irmãos Stockton e Smith vieram a nossa casa, a meu pedido, a fim de orarem que o Senhor me curasse. Tivemos um período de orações muito fervorosas, e todos fomos muito abençoados. Fiquei aliviada, mas não curada. Fiz agora tudo que podia, para seguir as instruções da Bíblia, e esperarei pela operação do Senhor, crendo que a Seu tempo oportuno Ele me curará. Minha fé apega-se à promessa: "Pedi, e recebereis." João 16:24.
Creio que o Senhor ouviu nossas orações. Eu esperava que meu cativeiro fosse volvido imediatamente, e a meu juízo finito pareceu que assim Deus seria glorificado. Fui muito abençoada durante nosso período de oração, e apegar-me-ei à certeza que então me foi dada: "Eu sou teu Redentor; Eu te curarei. — Manuscrito 19, 1892; Mensagens Escolhidas 2:235. Junho 26, 1892. Alegro-me quando chega a luz do dia, pois as noites são longas e enfadonhas. Mas quando não posso dormir, a gratidão enche o coração ao pensar que Alguém que jamais tosqueneja vigia sobre mim, para bem.Jesus conhece nossas aflições e dores
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Que maravilhoso pensamento este, de que Jesus tudo sabe acerca das dores e aflições que sofremos! Em todas as nossas aflições foi Ele aflito. Alguns dentre nossos amigos nada sabem da miséria humana e da dor física. Nunca ficam doentes, e portanto não podem penetrar plenamente nos sentimentos daqueles que se acham doentes. Jesus, porém, Se comove com o sentimento de nossa enfermidade. Ele é o grande missionário médico. Tomou sobre Si a humanidade e colocou-Se à cabeceira de uma nova dispensação, a fim de que possa reconciliar justiça e compaixão. — Manuscrito 19, 1892; Mensagens Escolhidas 2:237.
"Faze-me um ramo sadio, que produza fruto"
Junho 29, 1892. Minha oração, ao despertar, é: Jesus guarda Tua filha hoje. Toma-me sob Tua guarda. Faze-me um ramo sadio, que produza fruto — ramo da Videira viva. "Sem Mim", disse Cristo, "nada podeis fazer." João 15:5. Em Cristo e por Ele tudo podemos fazer.
Aquele que foi adorado pelos anjos, que ouvira a música do coro celeste, sempre Se comoveu, quando aqui na Terra, com as tristezas das crianças, sempre disposto a ouvir a história de sua mágoa infantil. Muitas vezes enxugou-lhes as lágrimas, animando-as com a terna simpatia de Suas palavras, que pareciam acalmar-lhes as tristezas e fazê-las esquecer suas aflições. O emblema, em forma de pomba, que adejou sobre Jesus por ocasião de Seu batismo representa Sua amabilidade de caráter. — Manuscrito 19, 1892; Mensagens Escolhidas 2:237, 238.
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"Não pronuncie eu nenhuma palavra desamorosa"
Junho 30, 1892. Outra noite de grande enfado é quase passada. Embora continue a sofrer grande dor, sei que não estou abandonada por meu Salvador. Minha oração é: Ajuda-me, Jesus, a não desonrar-Te com os meus lábios. Não pronuncie eu nenhuma palavra desamorosa. — Manuscrito 19, 1892; Mensagens Escolhidas 2:238.
"Não me queixarei"
Julho 6, 1892. Sou muito grata por poder contar ao Senhor todos os meus temores e perplexidades. Sinto que estou sob a proteção de Suas asas. Um ateu certa vez perguntou a um jovem temente a Deus:
- Que tamanho tem o Deus que você adora?
- É tão grande — foi a resposta — que Ele enche a imensidade, e no entanto tão pequeno que habita em todo coração santificado.
Ó precioso Salvador, anseio por Tua salvação. "Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por Ti, ó Deus." Salmos 42:1. Anseio por uma visão mais clara de Jesus. Gosto de pensar em Sua vida imaculada, meditar em Suas lições. Quantas vezes repito as palavras: "Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei!" Mateus 11:28.
Grande parte do tempo meu corpo está tomado de dor, mas não hei de, por causa de queixumes, tornar-me indigna do nome de cristão. Estou certa de que esta lição do sofrimento será para a glória de Deus, um meio de advertir os outros a que evitem o trabalho contínuo, sob circunstâncias probantes, tão desfavoráveis à saúde do corpo. — Manuscrito 19, 1892; Mensagens Escolhidas 2:238, 239.
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"O Senhor me fortalece"
Julho 7, 1892. O Senhor me fortalece, por Sua graça, para escrever cartas importantes. Os irmãos freqüentemente vêm aconselhar-se comigo. Sinto forte convicção de que esta tediosa enfermidade é para glória do Senhor. Não murmurarei; pois, quando desperto à noite, parece-me que Jesus me está fitando. O capítulo qüinquagésimo primeiro de Isaías me é preciosíssimo. Ele toma sobre Si todas as nossas cargas. Leio este capítulo com confiança e esperança. — Manuscrito 19, 1892; Mensagens Escolhidas 2:239.
Nenhuma idéia de bater em retirada
Julho 10, 1892. Acordei Emília* às cinco horas para acender o fogo e ajudar a vestir-me. Dou graças ao Senhor por ter repousado melhor esta noite do que de costume. Minhas horas de vigília, emprego-as em oração e meditação. Impõe-se-me a pergunta: Por que não receberei a bênção da restauração da saúde? Devo interpretar estes longos meses de doença como evidência do desprazer de Deus por ter eu vindo à Austrália? Respondo com um decidido Não! Não ouso fazer isso. Por vezes, antes de vir da América, pensava que o Senhor não requeresse de mim ir a um país tão distante, na minha idade, e quando me achava prostrada pela sobrecarga de trabalho. Segui, porém, a voz da Associação [Geral], como sempre procurei fazer quando, eu mesma, não tinha toda a clareza. Vim à Austrália e aqui encontrei os crentes em condições que demandavam auxílio. Durante semanas, depois de aqui chegar, trabalhei tão zelosamente
*Emília Campbell era companheira de viagem e secretária da Sra White.
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como sempre trabalhei em minha vida. Foram-me dadas palavras que devia pronunciar, acerca da necessidade de piedade pessoal. ...
Estou na Austrália, e creio que estou exatamente onde o Senhor quer que esteja. Por ser o sofrimento a minha porção, não é que eu pense em bater em retirada. É-me dada a bendita segurança de que Jesus é meu e de que sou Sua filha. As trevas são dispersadas pelos brilhantes raios do Sol da Justiça. Quem pode compreender a dor que sofro senão Aquele que é angustiado em todas as nossas angústias? A quem poderei falar senão Àquele que Se compadece de nossas enfermidades, e que sabe socorrer os que são tentados?
Quando oro fervorosamente pedindo restauração, e me parece que o Senhor não responde, meu espírito quase desmaia dentro em mim. Então é que o querido Salvador me faz lembrar a Sua presença. Diz-me Ele: Não podes confiar nAquele que te comprou com Seu próprio sangue? Gravei-te na palma de Minhas mãos. Então minha alma se nutre da presença divina. Sou erguida para fora de mim, por assim dizer, para a presença de Deus. — Manuscrito 19, 1892; Mensagens Escolhidas 2:239, 240.
Deus sabe o que é melhor
Julho 14, 1892. Quando me sobreveio a doença da qual venho sofrendo faz vários meses, surpreendi-me de que ela não fosse removida imediatamente, em resposta à oração. Mas a promessa: "Minha graça te basta" (2 Coríntios 12:9), tem-se cumprido no meu caso. Não pode haver dúvida de minha parte. Minhas horas de dor têm sido horas de oração, pois tenho sabido a quem levar minhas
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tristezas. Tenho o privilégio de robustecer minhas forças débeis, lançando mão do poder infinito. Dia e noite me firmo sobre a sólida rocha das promessas de Deus.
Meu coração se dilata para Jesus, em amorosa confiança. Ele sabe o que é melhor para mim. Solitárias seriam minhas noites se eu não reclamasse a promessa: "Invoca-Me no dia da angústia; Eu te livrarei, e tu Me glorificarás." Salmos 50:15. — Manuscrito 19, 1892; Mensagens Escolhidas 2:240.
Lições aprendidas nos meses de sofrimento
Tenho passado por grande prova, em forte sofrimento e desamparo, mas através de tudo tenho alcançado uma preciosa experiência que me é mais valiosa do que ouro. Quando pela primeira vez me convenci de que teria de desistir de meus acarinhados planos de visitar as igrejas na Austrália e Nova Zelândia, pus seriamente em dúvida se fora meu dever deixar a América e vir para este país longínquo. Meus sofrimentos eram agudos. Muitas horas insones da noite passei em recordar muitas vezes nossa experiência desde que deixáramos a Europa rumo da América, e isto tem sido contínua cena de ansiedade, sofrimento e encargos. Então pensei: Que significa tudo isto?
Recapitulei cuidadosamente a história dos últimos poucos anos e da obra que o Senhor me deu para fazer. Nem uma única vez faltou-me Ele, e muitas vezes Se me manifestou de modo notável, e vi que nada eu tinha de que me queixar, mas ao contrário, incidentes preciosos que, quais fios de ouro, percorriam toda a minha experiência. O Senhor compreendeu melhor do que eu as coisas de que eu precisava, e senti que Ele me atraía para muito perto de Si, e eu
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devia ser cuidadosa em não ditar a Deus quanto ao que devia fazer comigo. Esta irreconciliação verificou-se no princípio de meus sofrimentos e desamparo, mas não demorou que eu sentisse que minha enfermidade era parte do plano de Deus. Descobri que, às vezes deitada e às vezes sentada, eu podia colocar-me em posição na qual podia usar as mãos aleijadas, e embora sofrendo muita dor, podia escrever bastante. Desde que vim a este país escrevi mil e seiscentas laudas deste tamanho.
Muitas noites, nos últimos nove meses, só pude dormir duas horas por noite, e então às vezes me via envolta em trevas; mas eu orava, e recebi muito suave conforto ao aproximar-me de Deus. As promessas: "Chegai-vos a Deus, e Ele Se chegará a vós" (Tiago 4:8), e "vindo o inimigo como uma corrente de águas, o Espírito do Senhor arvorará contra ele a Sua bandeira" (Isaías 59:19), cumpriram-se em mim. Sentia-me alegre no Senhor. Jesus estava sagradamente próximo, e achei suficiente a graça concedida, pois minha alma se firmava em Deus, e eu estava possuída de grato louvor Àquele que me amou e a Si mesmo Se entregou por mim. Eu poderia dizer, de todo o coração: "Eu sei em quem tenho crido." 2 Timóteo 1:12. "Fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar." 1 Coríntios 10:13. Mediante Jesus Cristo tenho saído mais do que vencedora, e mantenho o terreno.
Não posso descobrir o propósito de Deus em minha doença, mas Ele sabe o que é o melhor, e a Ele confio minha alma, corpo e espírito, como ao meu fiel Criador. "Porque eu sei em quem tenho
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crido, e estou certo de que é poderoso, para guardar o meu depósito até àquele dia." 2 Timóteo 1:12. — Carta 7, 1892; Mensagens Escolhidas 2:240-242.
Esquecer rapidamente os problemas
Os que envelheceram no serviço de Deus talvez sintam a cabeça confusa quanto ao que lhes acontece em volta, os acontecimentos recentes poderão passar-lhes rápido da memória; mas têm a mente bem desperta para as cenas e fatos de sua infância. — Filhos e Filhas de Deus, 78.
Descansar em seu amor
Quando descansamos no Seu amor, honramos a Deus e ao nosso Senhor Jesus Cristo. Você é uma das testemunhas do Senhor que nunca o deixará nem esquecerá. Sou instruída a lhe dizer: Ele perdoou todos os seus pecados e pôs sobre você o manto branco da Sua justiça. Tudo o que pede de você agora é que descanse no Seu amor. Ele o tem na Sua guarda. Você combateu os combates do Senhor Jesus Cristo, guardou a fé, e desde agora está guardada para você a coroa da vida, sua recompensa naquele dia quando vida e imortalidade serão dadas para todos os que guardaram a fé e não negaram o nome do Senhor.
O fato de sua mente estar anuviada não é evidência alguma de que Cristo não seja seu Salvador. Agora que a velhice veio sobre você, Ele não o olha como não sendo mais Seu filho. Sua vida religiosa dá hoje o mesmo testemunho que deu no passado. Você creu