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Conselhos aos Idosos
LivrosAutor: Ellen White
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Os links abaixo estão disponiveis com permissão do Ellen G. White Estate em Silver Spring, Maryland, EUA.

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Executores do testamento de Deus

Cristo ama a raça humana e em todos os atos da Sua vida expressou esse amor. Ele apela aos homens para que amem uns aos outros assim como Ele os amou. Seu poder e amor salvadores devem ser sempre os temas dos que crêem em Deus.

Pouco antes da Sua ascensão, Ele deu aos Seus discípulos a comissão: "Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século". Mateus 28:19, 20.

Assim, foi dada aos discípulos a mais preciosa responsabilidade. Deveriam eles ser os executores do testamento pelo qual Cristo legou ao mundo os tesouros da vida eterna. Eles compreenderam a responsabilidade do seu trabalho. Sabiam que tinham em suas mãos o pão da vida para um mundo faminto e foram para todas as partes pregando a palavra. O amor de Cristo os constrangia e não se podiam abster de partir o pão da vida para todos os que estavam em necessidade. As últimas palavras do Salvador estavam constantemente soando em seus ouvidos.

No legado entregue aos primeiros discípulos, cada crente tem a sua parte. Cada um deve ser o testamenteiro do Salvador. A cada um se deu a verdade sagrada para ser entregue a quem a procura com fervor. Cada crente deve ser um obreiro juntamente com Deus. — The Review and Herald, 7 de Janeiro de 1902.

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Não deve ser adiada

Aos idosos, que estão perdendo sua segurança nesta vida, apelo para fazerem disposição correta dos seus bens do Senhor, antes de dormirem em Jesus. Lembrem-se de que são mordomos do Senhor. Devolvam o que pertencem ao Senhor enquanto vivem. Não falhem em atender enquanto ainda raciocinam bem. À medida que a velhice chega, é nosso dever dispor dos recursos que temos para os propósitos estabelecidos por Deus. Satanás está usando de todos os expedientes para desviar da causa do Senhor os recursos de que ela tanto necessita. Muitos estão ligando seus talentos financeiros a empreendimentos mundanos, quando a causa de Deus precisa de todo o real para promover Sua verdade e glorificar Seu nome. Pergunto: Não deveríamos depositar para nós mesmos tesouros no Céu, em bolsas que não envelhecem?

Gostaria de insistir especialmente com os idosos que estão prestes a dispor dos seus meios para se lembrarem dos que ministraram fielmente a palavra e a doutrina. Ponham seus recursos onde, falte a saúde ou a vida, possam ser investidos na causa de Deus. Desta forma, serão entregues aos banqueiros [celestes] onde se multiplicarão constantemente. — Testemunhos Para a Igreja 7:295, 296.

Quando Satanás controla os assuntos comerciais

Deus Se desgosta com a maneira negligente, frouxa em que muitos dos que professam ser Seu povo dirigem seus negócios mundanos. Parecem ter perdido todo o senso de que a propriedade que estão usando pertence a Deus, e Lhe devem prestar contas de sua mordomia. Alguns têm os negócios seculares em total confusão.

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Satanás observa tudo isto, e dá o golpe no momento oportuno, tirando, por seu mau uso, muitos recursos das fileiras dos observadores do sábado. E esses meios vão para as fileiras dele.

Alguns, já idosos, não querem tomar quaisquer providências quanto a seus negócios seculares e, inesperadamente, adoecem e morrem. Os filhos, que não têm interesse na verdade, tomam a propriedade. Satanás manobrou da maneira que lhe convinha. "Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras? E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?" Lucas 16:11, 12.

Foi-me mostrado o terrível fato de que Satanás e seus anjos têm tido mais que ver com o uso da propriedade do povo que professa ser de Deus, do que o próprio Senhor. Os mordomos dos últimos dias são imprudentes. Permitem que Satanás lhes controle as questões de negócios, e leve para as próprias fileiras aquilo que pertence à causa de Deus, e nela deveria estar. Deus observa vocês, mordomos infiéis; Ele os chamará a contas.

Vi que os mordomos de Deus podem, mediante fiel e cuidadosa administração, manter seus negócios neste mundo ordenados, exatos e corretos. E é especialmente privilégio e dever dos idosos, dos fracos e dos que não têm filhos, colocarem os recursos de que dispõem onde eles possam ser empregados na causa de Deus, caso eles sejam subitamente tirados. Mas vi que Satanás e seus anjos exultam ante o êxito que obtêm nesse assunto. E os que devem ser sábios herdeiros da salvação quase deixam voluntariamente o dinheiro de seu Senhor escapar-lhes das mãos para as fileiras do

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inimigo. Por esta maneira, fortalecem o reino de Satanás, e parecem sentir-se muito sossegados a esse respeito! — Testemunhos Para a Igreja 1:199, 200.

Quando é importante o conselho legal

Na reunião campal em Vermont, em 1870, senti-me impelida pelo Espírito de Deus a apresentar um testemunho franco relativo ao dever de pais idosos e ricos quanto à disposição de sua propriedade. Foi-me mostrado que alguns homens espertos, prudentes e atentos na transação de negócios em geral, homens que se destacam por prontidão e meticulosidade, manifestam uma falta de previsão e presteza quanto à disposição adequada de sua propriedade enquanto vivem. Não sabem quão logo seu tempo de graça pode findar; contudo passam de ano a ano com seus negócios não resolvidos, e freqüentemente sua vida finda quando já não fazem uso da razão. Ou podem morrer repentinamente, sem um momento de aviso, e sua propriedade é disposta de um modo que não teriam aprovado. Esses são culpados de negligência; são mordomos infiéis.

Cristãos que crêem na verdade presente devem manifestar sabedoria e previdência. Não devem negligenciar a disposição de seus recursos, esperando uma oportunidade favorável de ajustar seus negócios durante uma longa enfermidade. Devem manter seus negócios de tal forma que, se fossem chamados a qualquer hora para deixá-los e não tivessem voz nos arranjos, pudessem ser solucionados como gostariam que fossem se estivessem vivos. Muitas famílias têm sido defraudadas desonestamente de toda sua propriedade e

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ficaram sujeitas à pobreza porque o trabalho que podia ter sido bem feito numa hora foi negligenciado. Aqueles que preparam seu testamento não devem poupar esforço ou despesa para obter conselho jurídico e os preparar de modo a resistir à prova.

Vi que aqueles que professam crer na verdade devem mostrar sua fé por suas obras. Devem granjear "amigos com as riquezas da injustiça, para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos". Lucas 16:9. Deus fez o homem mordomo de recursos. Colocou em suas mãos o dinheiro com o qual levar adiante a grande obra para a salvação de pecadores pelos quais Cristo deixou Sua morada, Suas riquezas, Sua glória, e tornou-Se pobre para que pudesse, por Sua humilhação e sacrifício, trazer muitos filhos e filhas de Adão a Deus. Em Sua providência o Senhor ordenou que o trabalho em Sua vinha fosse sustentado pelos recursos confiados às mãos de Seus mordomos. Negligência de sua parte em atender aos apelos da causa de Deus em levar adiante Sua obra mostra que são servos infiéis e ociosos. — Testemunhos Para a Igreja 3:116, 117.

Os testamentos devem resistir á prova da lei

Muitos testamentos foram feitos de modo tão vago que não tiveram validade perante a lei, e deste modo grandes somas para a causa foram perdidas. Nossos irmãos devem reconhecer que sobre eles, como fiéis servos na causa de Deus, pesa a responsabilidade de agir prudentemente nesses casos, a fim de assegurar para o Senhor o que Lhe pertence.

Muitos manifestam nesse aspecto uma delicadeza descabida. Procedem como se estivessem pisando terreno proibido quando

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apresentam a pessoas de idade avançada ou inválidos o assunto de seus bens, a fim de saber como pretendem dispor deles. Entretanto, é este um dever tão sagrado como pregar o Evangelho para a salvação de almas. Consideremos uma pessoa que tem dinheiro e propriedades de Deus em suas mãos. Ela está prestes a transferir sua mordomia. Colocará ela os recursos, que de Deus recebeu emprestados para serem usados em Sua obra, nas mãos de ímpios, simplesmente por serem estes seus parentes? Não devem homens cristãos tomar o devido interesse e experimentar ansiedade, tanto pelo bem-estar futuro dessa pessoa como pelos interesses da causa de Deus, a fim de que disponha retamente dos bens de seu Senhor — os talentos que lhe foram confiados para sábio uso? Quererão seus irmãos que a assistem, vê-la deixar esta vida, ao mesmo tempo privando de recursos a tesouraria de Deus? Isto significaria uma perda tremenda para ela e para a causa; porque, abandonando seus talentos nas mãos de indivíduos que não têm nenhuma consideração pela verdade divina, de caso pensado coloca os talentos em um lenço e os esconde na terra.

Deus deseja que Seus seguidores disponham pessoalmente de seus bens, enquanto isso lhes seja possível. Dirá alguém: "Temos porventura de renunciar a tudo que consideramos nossa propriedade?" Pode isto não nos ser exigido ainda, mas devemos estar prontos a fazê-lo por amor de Cristo. Devemos reconhecer que nossas propriedades são totalmente Suas, e usá-las liberalmente quando o progresso da obra o exigir. Muitos fecham os ouvidos aos pedidos de dinheiro para enviar missionários ao estrangeiro, e para a difusão da verdade por meio de impressos que devem ser espalhados por todo o mundo como folhas de outono.

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Essas pessoas justificam sua avareza, alegando que tomaram disposições que deverão revelar sua caridade por ocasião da morte. Na disposição de sua última vontade, contemplaram a obra de Deus. Por isso conduzem uma vida de avareza, roubam a Deus nos dízimos e ofertas, e pelo seu testamento Lhe restituem apenas pequena parte do que lhes confiou, enquanto a parte maior reverte para os parentes, que não tomam nenhum interesse pela verdade. Constitui esta uma das piores formas de roubo. Roubam a Deus daquilo que Lhe devem, e isto não só durante a vida mas também na morte.

É completa loucura deixar até quase à hora da morte a preparação para a vida futura. É também um erro grave protelar a resposta aos apelos de liberalidade para a obra de Deus, até o tempo de transferir a outros a mordomia. Aqueles a quem confiarem os talentos que de Deus receberam podem não administrá-los assim como vocês o têm feito. Como poderão pessoas abastadas arriscar-se a tanto? Os que esperam até à hora da morte para dispor sobre seus bens, parece que o fazem mais por causa da morte do que por amor a Deus. Assim procedendo, muitos estão agindo em oposição direta ao plano que Deus estabeleceu em Sua Palavra. Se quiserem fazer bem, devem aproveitar os preciosos momentos do presente, e empenhar todos os esforços, como que temendo perder a oportunidade favorável para o fazer.

Os que negligenciam deveres de que estão perfeitamente inteirados, deixando de corresponder às reivindicações que Deus lhes faz nesta vida, e procurando acalmar a consciência com o propósito de por ocasião de sua morte estabelecer um legado, não receberão da parte do Mestre palavras de aprovação nem recompensa.

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Eles não praticaram abnegação, mas retiveram egoistamente seus recursos enquanto puderam, renunciando-os só quando a morte os levou.

Se fossem cristãos verdadeiros, praticariam em vida, estando ainda sãos e fortes, o que transferem até estarem prestes a morrer. Dedicariam a Deus o próprio ser e o que possuem, e conquanto agindo como Seus mordomos, teriam a satisfação de estar cumprindo seu dever. Como executores de seus próprios testamentos poderiam por si mesmos satisfazer às reivindicações divinas, em vez de deixar a responsabilidade disso a outros.

Devemos considerar-nos despenseiros da propriedade do Senhor, e a Deus como Proprietário absoluto, a quem devemos entregar o que é Seu, quando Ele o requer. Quando Ele vier para receber com juros o que Lhe pertence, os cobiçosos se persuadirão de que, em vez de ter multiplicado seus talentos, acarretaram sobre si mesmos a condenação pronunciada contra o servo mau e infiel.

O Senhor deseja que a morte de Seus servos seja sentida como uma perda por causa da boa influência que exerceram e das muitas ofertas voluntárias que entregaram para abastecer o tesouro de Deus. Legados deixados ao morrer são uma miserável compensação da beneficência que se deveria praticar em vida. Os servos de Deus devem fazer seus legados todos os dias por meio de boas obras e ofertas liberais ao Senhor. Não devem contentar-se com dar a Deus uma porção desproporcionadamente pequena, em comparação ao que gastam consigo mesmos. Ao fazer seus legados cada dia, lembrarão dos objetivos e amigos que maior lugar ocupam em suas afeições.

Seu melhor amigo é Cristo. Ele não lhes negou a própria vida, e por amor deles Se fez pobre para que por Ele enriquecessem.

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Merece, portanto, todo o nosso coração, nossos bens, tudo quanto temos e somos. Mas muitos supostos cristãos protelam em vida as reivindicações de Jesus e O insultam na morte, dando-Lhe uma parte mesquinha de seus bens.

Lembrem-se todos que estiverem nessa classe de que essa maneira de roubar a Deus não é um ato impulsivo, mas um plano premeditado que eles prefaciam dizendo: "Estando em pleno uso de suas faculdades mentais." Depois de haverem defraudado a obra de Deus durante a vida, perpetuam essa fraude após a morte e com pleno apoio de todas as faculdades mentais. Tal testamento muitos consideram um suave travesseiro em que reclinar a cabeça na hora da morte. Representa uma espécie de preparação para a morte, e é arranjado de modo que seus bens não os perturbem ao exalarem o último alento. Poderão essas pessoas descansar tranqüilamente a respeito das contas que lhes hão de ser pedidas de sua mordomia?

Devemos ser todos ricos em boas obras se queremos garantir-nos a vida futura e imortal. Quando o juízo se instituir e os livros forem abertos, cada qual será julgado e recompensado segundo as suas obras. Muitos nomes que estão inscritos nos livros da igreja, estão arrolados no livro de registro do Céu como "defraudadores". E a menos que essas pessoas se arrependam, e trabalhem para o Mestre com desinteressada benevolência, hão de compartilhar a sorte do mordomo infiel.

Sucede muitas vezes que um ativo homem de negócios é arrebatado pela morte sem prévio aviso, e acharem-se seus negócios em condição embaraçosa. No empenho de pô-los em ordem, uma grande

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parte dos bens dessa pessoa, senão tudo, é consumida em honorários aos advogados, ficando a família e a causa de Cristo defraudadas daquilo que lhes seria devido. Os que são fiéis mordomos dos recursos do Senhor saberão exatamente como andam seus negócios e, como homens sensatos, estarão preparados para qualquer emergência. Se porventura seu tempo de graça terminar inesperadamente, não acarretarão tão grandes perplexidades aos que forem incumbidos de acertar seu espólio.

Muitos não estão informados acerca da questão de fazer o testamento quando se acham ainda aparentemente com saúde. Essa precaução ceve, entretanto, ser tomada por nossos irmãos. Devem saber qual sua situação financeira, e não permitir que seus negócios se embaracem. Devem arranjar sua propriedade de tal maneira que a possam deixar a qualquer tempo.

Os testamentos devem ser feitos de acordo com as prescrições legais. Depois de feitos, eles podem ser conservados durante anos e não causarão prejuízo se continuarem contribuindo para a obra conforme suas necessidades. A morte, meus irmãos, não se antecipará um dia sequer por terem feito seu testamento. Ao dispor de seus bens por testamento a favor de seus parentes não se esqueçam da obra de Deus. Vocês são Seus instrumentos, incumbidos de zelar por Sua propriedade; e Suas reivindicações devem merecer sua principal consideração. A esposa e os filhos, naturalmente, não devem ficar ao abandono; provisões devem ser feitas para eles caso necessitem. Vocês não devem, porém, simplesmente por ser costume, contemplar em seu testamento uma longa lista de parentes que não estão em necessidade.

Devem lembrar-se sempre de que o atual sistema egoísta de dispor dos bens não é conforme o plano de Deus, mas simplesmente invenção humana. Os cristãos devem ser reformadores e romper com

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esse sistema, dando uma feição inteiramente nova à maneira de fazer testamentos. Tenham sempre presente que é da propriedade de Deus que vão dispor. A vontade divina deve ser lei neste particular.

Suponham que alguém lhes houvesse instituído executor de seu testamento, acaso não fariam diligência em inteirar-se da vontade do testador, a fim de que a menor quantia tivesse sua aplicação justa? Seu Amigo celestial lhes confiou propriedades, manifestando-lhes Sua vontade quanto ao modo por que devem ser usadas. Se essa Sua vontade for acatada com coração altruísta, aquilo que pertence a Deus não será mal aplicado. A causa do Senhor tem sido vergonhosamente negligenciada, ao passo que Ele deu aos homens recursos suficientes com que fazer face a todas as emergências, se apenas fossem dotados de coração grato e obediente.

Os que fazem seu testamento, não devem imaginar que acabam aqui suas obrigações, mas sim desenvolver constante atividade, usando seus talentos para o engrandecimento da causa de Deus. Deus delineou planos segundo os quais todos podem cooperar diligentemente na distribuição de seus recursos. Deus não Se propõe sustentar Sua obra por meio de milagres. Ele tem alguns poucos mordomos fiéis, que estão economizando e usando seus recursos para promover Sua obra. A abnegação e a beneficência, longe de constituírem a exceção, devem ser a regra. As crescentes necessidades da obra de Deus requerem recursos. Chegam-nos constantemente pedidos do país e do estrangeiro, solicitando missionários que lhes ensinem a luz da verdade. Isto significa aumento de obreiros e acréscimo de despesas para sua manutenção. — Testemunhos Para a Igreja 4:479-483.

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