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Testemunhos Seletos 1
Livros 43
Autor: Ellen White
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Os links abaixo estão disponiveis com permissão do Ellen G. White Estate em Silver Spring, Maryland, EUA.

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Era Abraão homem idoso quando recebeu de Deus a impressionante ordem de oferecer seu filho Isaque como oferta queimada. Abraão, mesmo em sua geração era considerado velho. Desvanecera-se-lhe o ardor da juventude. Já não lhe era fácil suportar dificuldades e enfrentar perigos. No vigor da mocidade o homem enfrenta a tempestade com altiva consciência de força, e ergue-se acima de desencorajamentos que em sua vida posterior lhe fariam o coração desfalecer, quando os seus passos vacilam rumo da sepultura.

Mas em Sua providência Deus reservou para Abraão sua última e mais aflitiva prova até o peso dos anos o oprimir e ele almejar por descanso da ansiedade e labuta. O Senhor lhe falou, dizendo: "Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas", "e oferece-o ali em holocausto." Gênesis 22:2. O coração do ancião paralisou-se de terror. A perda desse filho por doença teria sido um golpe duro àquele pai amoroso; ter-lhe-ia curvado a fronte embranquecida de tristeza. Mas agora eis que se lhe ordena derramar com as próprias mãos o precioso sangue daquele filho. Parecia-lhe terrível impossibilidade.

Entretanto, Deus falara, e Sua palavra tinha de ser obedecida. Abraão era avançado em anos, mas isto não o escusou de cumprir o dever. Agarrou o bordão da fé, e em muda agonia tomou pela mão o filho, belo na rosada saúde da juventude, e saiu a obedecer à palavra de Deus. O grande e velho patriarca era humano; suas paixões e laços afetivos eram como os nossos, e ele amava o rapaz, que era o consolo de sua velhice, e a quem fora dada a promessa do Senhor.*

Testimonies for the Church 4:144-148 (1876).

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Mas Abraão não se deteve a duvidar de como as promessas de Deus poderiam cumprir-se, uma vez morto Isaque. Não parou a arrazoar com o sofrido coração, mas executou a ordem divina ao pé da letra, até que, exatamente quando o cutelo estava para ser mergulhado nas trêmulas carnes do filho, veio a ordem: "Não estendas a tua mão sobre o moço", "porquanto agora sei que temes a Deus e não Me negaste o teu filho, o teu único." Gênesis 22:12.

Esse grande ato de fé acha-se traçado nas páginas da história sagrada para brilhar no mundo como exemplo nobre, até ao fim do tempo. Abraão não argumentou que sua idade avançada o eximisse de obedecer a Deus. Não disse: "Tenho os cabelos brancos, foi-se-me o vigor da varonilidade; quem me consolará no final da minha vida, quando Isaque não mais existir? Como pode um pai idoso derramar o sangue de um filho único?" Não; Deus falara, e o homem devia obedecer sem questionar, nem murmurar, ou desfalecer pelo caminho.

Carecemos da fé de Abraão em nossas igrejas hoje, a fim de iluminar as trevas que ao redor delas se acumulam, excluindo a suave luz do amor divino e atrofiando o crescimento espiritual. A idade jamais nos escusará de obedecermos a Deus. Deve nossa fé ser prolífera de boas obras; pois a fé sem obras é morta. Todo dever cumprido, todo sacrifício feito em nome de Jesus, traz uma recompensa excelente. No próprio ato de cumprir o dever, Deus fala e dá Sua bênção. Mas Ele requer de nós uma inteira consagração de nossas faculdades. O espírito e o coração, o ser todo, tem de ser dado a Ele, ou do contrário não atingiremos a norma de cristãos verdadeiros.

Deus não reteve do homem coisa alguma que lhe pudesse assegurar as riquezas eternas. Revestiu de beleza a Terra, e adornou-a para uso e conforto do homem durante sua vida temporal. Deu Seu Filho a fim de que morresse para redenção de um mundo que caíra pelo pecado e loucura. Tão incomparável amor, sacrifício tão infinito, reclama nossa mais estrita obediência, nosso amor mais santificado, nossa ilimitada fé.

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Entretanto todas estas virtudes, exercidas até o limite máximo, jamais se poderão comparar com o grande sacrifício feito por nós.

Obediência implícita

Deus requer pronta e implícita obediência à Sua lei. Mas os homens estão adormecidos ou paralisados pelos enganos de Satanás, que sugere desculpas e subterfúgios, e lhes vence os escrúpulos, dizendo, como dissera a Eva no Jardim: "Certamente não morrereis." Gênesis 3:4. A desobediência não só endurece o coração e a consciência do culpado, mas tende também a corromper a fé dos outros. Aquilo que a princípio se lhes afigurava muito errado, gradualmente perde este aspecto por estar constantemente perante a pessoa, até que finalmente esta duvida de que seja de fato pecado, e cai inconscientemente no mesmo erro.

Por meio de Samuel, Deus ordenou a Saul que ferisse os amalequitas, destruindo-lhes totalmente as posses. Mas Saul obedeceu apenas parcialmente à ordem; destruiu o gado inferior, mas reservou o melhor, e poupou o ímpio rei. No dia seguinte encontra-se com o profeta Samuel, e gabando a si mesmo, disse: "Bendito sejas tu do Senhor; executei a palavra do Senhor." Mas o profeta respondeu imediatamente: "Que balido, pois, de ovelhas é este nos meus ouvidos, e o mugido de vacas que ouço?" 1 Samuel 15:13, 14.

Saul ficou confuso, e procurou fugir à responsabilidade, respondendo: "De Amaleque

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Samuel ficou com o coração oprimido ante a persistência com que o rei se recusara a ver e confessar seu pecado. Disse tristemente: "Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender melhor é do que a gordura de carneiros. Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniqüidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a palavra do Senhor, Ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei." 1 Samuel 15:22, 23.

O perigo da procrastinação

Não devemos olhar ao dever e logo adiar o seu cumprimento. Esse adiamento dá tempo para as dúvidas; insinua-se a incredulidade, é pervertido o juízo e obscurecido o entendimento. Por fim as repreensões do Espírito de Deus não alcançam mais o coração da pessoa iludida, que se tornou tão cega que pensa não serem elas possivelmente planejadas para ele nem se aplicarem ao seu caso.

Vai passando o precioso tempo da graça, e poucos reconhecem que este lhes é dado com o fim de que se preparem para a eternidade. As áureas horas são esbanjadas em atividades profanas, em prazeres, em absoluto pecado. É menosprezada e esquecida a lei de Deus; entretanto, não é menos obrigatório cada um de seus estatutos. Toda transgressão trará seu castigo. O amor do ganho mundano leva à profanação do sábado; entretanto, as reivindicações daquele santo dia não se acham atenuadas nem anuladas. O mandamento de Deus é claro e indiscutível nesse ponto; Ele nos proíbe absolutamente trabalhar no sétimo dia. Pô-lo à parte como dia consagrado a Ele.

Muitos são os empecilhos que atravessam o caminho dos que querem andar na obediência aos mandamentos de Deus. Há influências fortes e sutis que os ligam aos caminhos do mundo; mas o poder do Senhor pode romper essas cadeias. Ele removerá de diante dos pés dos fiéis todos os obstáculos, ou lhes dará força e ânimo para vencer todas as dificuldades, se Lhe buscarem fervorosamente o auxílio. Todos os obstáculos

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desaparecerão ante o sincero desejo e persistente esforço para fazer a vontade de Deus, seja qual for o custo para o próprio eu, mesmo que a própria vida seja sacrificada. A luz do Céu iluminará as trevas dos que, em aflição e perplexidade, forem para a frente, olhando para Jesus como autor e consumador de sua fé.

Nos tempos antigos, Deus falou aos homens pela boca de profetas e apóstolos. Nestes dias, Ele lhes fala por meio dos Testemunhos do Seu Espírito. Nunca houve um tempo no qual Deus instruísse Seu povo mais intensamente do que os instrui agora a respeito de Sua vontade e da conduta que deseja que sigam. Mas aproveitarão eles os Seus ensinos? Receberão as Suas repreensões e acatarão as Suas advertências? Deus não aceitará obediência parcial; não aprovará nenhuma transigência com o próprio eu.

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