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Autor: Ellen White
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Os links abaixo estão disponiveis com permissão do Ellen G. White Estate em Silver Spring, Maryland, EUA.

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Diz Davi: "A lei do Senhor é perfeita." Sal. 19:7. "Acerca dos Teus testemunhos soube, desde a antiguidade, que Tu os fundaste para sempre." Sal. 119:152. E Paulo testifica: "A lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom." Rom. 7:12.

Como supremo Soberano do Universo, Deus ordenou leis para o governo não só de todos os seres vivos, mas de todas as operações da Natureza. Todas as coisas, quer grandes quer pequenas, animadas ou inanimadas, acham-se sujeitas a leis fixas, que não podem ser desrespeitadas. Não há exceções a esta regra; pois coisa alguma feita pela mão divina, foi esquecida pela mente divina. Mas se bem que tudo na Natureza seja governado pela lei natural, o homem, tão-só, como ser inteligente, capaz de compreender seus reclamos, é responsável à lei moral. Ao homem unicamente, a coroa de Sua criação, deu Deus uma consciência, para reconhecer as sagradas reivindicações da lei divina, e deu-lhe um coração capaz de amá-la como santa, justa e boa que é; e do homem é requerida pronta e perfeita obediência. Todavia Deus não o obriga a obedecer; deixa-o como livre agente moral.

Poucos, apenas, compreendem o assunto da

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responsabilidade pessoal do homem; e no entanto é questão de maior importância. Podemos, cada qual, obedecer e viver, ou podemos transgredir a lei de Deus, desafiar-Lhe a autoridade, e receber a punição devida. Vem, pois, a toda alma, com força, a questão: Deverei obedecer à voz do Céu, às dez palavras proferidas do Sinai, ou seguirei a multidão que pisa aos pés essa lei ígnea? Aos que amam a Deus será o mais alto deleite obedecer a Seus mandamentos, e fazer as coisas agradáveis a Sua vista. Mas o coração natural aborrece a lei de Deus, e guerreia contra suas santas reivindicações. Os homens cerram a alma à luz divina, recusando-se a andar nela, ao brilhar sobre eles. Sacrificam a pureza de coração, o favor de Deus e sua esperança do Céu, pela egoísta satisfação do ganho profano.

Diz o salmista: "A lei do Senhor é perfeita." Sal. 19:7. Quão maravilhosa em sua simplicidade, sua amplidão e perfeição, é a lei de Jeová! É tão breve que facilmente podemos decorar cada um de seus preceitos, e todavia tão vasta que exprime toda a vontade de Deus, e toma conhecimento, não só das ações exteriores, mas dos pensamentos e intentos, dos desejos e emoções do coração. Não podem fazer isso as leis humanas. Só podem tratar das ações exteriores. Pode um homem ser transgressor, e no entanto esconder dos olhos humanos os seus maus atos; pode ele ser criminoso - ladrão, assassino ou adúltero - mas enquanto não for descoberto, não o pode a lei condenar como culpado. A lei de Deus denuncia o ciúme, a inveja, o ódio, a malignidade, a vingança, a concupiscência e a ambição que emergem da alma, mas não encontraram expressão em ato exterior, porque faltou ocasião, e não vontade. E essas emoções pecaminosas serão tomadas em conta no dia em que "Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom quer seja mau". Ecl. 12:14.

A Lei de Deus é Simples

A lei de Deus é simples e fácil de se compreender. Há homens que se gabam orgulhosamente de só crer naquilo que

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compreendem, esquecidos de que há mistérios na vida humana e na manifestação do poder de Deus nas obras da Natureza - mistérios que a mais profunda filosofia, as mais extensas pesquisas, são incapazes de explicar. Mas não existe mistério na lei de Deus. Todos podem compreender as grandes verdades que ela encerra. O intelecto mais débil pode apreender essas regras; o mais ignorante pode reger a vida, e formar o caráter, de acordo com a norma divina. Se os filhos dos homens, segundo o melhor de sua habilidade, obedecessem a essa lei, adquiririam força mental e poder de discernimento para compreender ainda mais dos propósitos e planos de Deus. E esse progresso seria contínuo, não apenas durante a vida presente, mas através dos séculos eternos; pois, por muito que avancemos no conhecimento da sabedoria e poder de Deus, sempre há um infinito além.

A lei divina requer que amemos a Deus supremamente e ao nosso próximo como a nós mesmos. Sem o exercício desse amor, a mais alta profissão de fé é mera hipocrisia. "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos", diz Cristo, "depende toda a lei e os profetas." Mat. 22:37-40.

A lei requer obediência perfeita. "Qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos." Tia. 2:10. Nem um desses dez preceitos pode ser violado sem deslealdade para com o Deus do Céu. O mínimo desvio de suas reivindicações, por negligência ou transgressão deliberada, é pecado, e todo pecado expõe o pecador à ira de Deus. Obediência era a condição única sob a qual o Israel antigo devia receber o cumprimento das promessas que os tornaram o povo altamente favorecido por Deus; e a obediência a essa lei trará hoje, a indivíduos e a nações, tão grandes bênçãos como teria proporcionado aos hebreus.

É necessária a obediência à lei, não só para nossa salvação, mas para a felicidade nossa e de todos aqueles com quem nos

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relacionamos. "Muita paz têm os que amam a Tua lei, e para eles não há tropeço" (Sal. 119:165), diz a Palavra inspirada. Todavia homens finitos apresentam ao povo essa lei santa, justa e boa, essa lei da liberdade, que o próprio Criador adaptou às necessidades humanas, como um jugo de servidão, jugo que homem algum é capaz de suportar. É, porém, o pecador que considera a lei como jugo penoso; é o transgressor que não vê beleza em seus preceitos. Pois a mente carnal "não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser". Rom. 8:7.

'Pela lei vem o conhecimento do pecado" (Rom. 3:20); "pois o pecado é a transgressão da lei." I João 3:4. É pela lei que os homens são convencidos do pecado; e têm eles de sentir-se pecadores, expostos à ira de Deus, antes de reconhecerem sua necessidade de um Salvador. Satanás opera constantemente para diminuir no homem o conceito do ofensivo caráter do pecado. E os que pisam a pés a lei de Deus, fazem a obra do grande enganador, pois rejeitam a única norma pela qual podem definir o pecado, e com isso impressionar a consciência do transgressor.

A lei de Deus alcança os desígnios secretos que, embora sejam pecaminosos, são muitas vezes passados por alto, mas que em realidade são a base e a prova do caráter. É o espelho para o qual deve olhar o pecador, se quiser ter conhecimento correto de seu caráter moral. E quando se vê condenado por essa grande norma de justiça, seu próximo gesto deve ser arrepender-se de seus pecados e buscar o perdão mediante Cristo. Deixando de isso fazer, muitos procuram quebrar o espelho que lhes revela os defeitos, anular a lei que lhes aponta as manchas da vida e do caráter.

Vivemos numa época de grande impiedade. Multidões se acham escravizadas por costumes pecaminosos e hábitos maus, e os grilhões que os prendem são difíceis de romper. A iniqüidade, qual inundação, cobre a Terra. Crimes quase terríveis demais para serem mencionados, são de ocorrência diária. E todavia homens que professam ser vigias nos muros de Sião nos ensinam que a lei se destinava aos judeus tão-somente, e tornou-se ultrapassada com os gloriosos privilégios que

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introduziram a dispensação evangélica. Não haverá uma relação entre a dominante ilegalidade e crime, e o fato de que pastores e povo mantêm e ensinam que a lei já não está em vigência?

O poder de condenação da lei de Deus estende-se não só às coisas que praticamos, mas às coisas que deixamos de praticar. Não nos devemos justificar ao omitirmos a prática das coisas que Deus requer. Devemos não só cessar de fazer o mal, mas também aprender a fazer o bem. Concedeu-nos Deus faculdades que devem ser exercitadas em boas obras; e se essas faculdades não forem postas em uso, certamente seremos considerados servos maus e negligentes. Podemos não ter cometido pecados graves; essas ofensas podem não estar registradas contra nós no livro de Deus; mas o fato de que nossos atos não estão registrados como puros, bons, elevados e nobres, demonstrando que não usamos os talentos que nos foram confiados, isso nos coloca sob condenação.

A lei de Deus existiu antes de ter sido criado o homem. Adaptava-se às condições de seres santos; mesmo os anjos eram por ela governados. Depois da queda, não foram alterados os princípios de justiça. Coisa alguma foi tirada da lei; nem um único de seus santos preceitos era susceptível de ser aperfeiçoado. E como existiu desde o princípio, assim continuará a existir através dos séculos eternos. "Acerca dos Teus testemunhos", diz o salmista, "soube, desde a antiguidade, que Tu os fundaste para sempre." Sal. 119:152.

Por essa lei, que governa os anjos, que requer pureza nos mais secretos pensamentos, desejos e disposições, e que permanece firme "para todo o sempre" (Sal. 111:8), todo o mundo será julgado no dia de Deus, o qual se aproxima rapidamente. Podem os transgressores lisonjear-se pensando que o Altíssimo não sabe, que o Todo-poderoso não considera; Ele não os suportará para sempre. Cedo receberão a recompensa de seus feitos, a morte que é o salário do pecado; ao passo que a nação justa, que guardou a lei, será introduzida através dos portais de pérolas da cidade celestial, e coroada de vida imortal e de júbilo, na presença de Deus e do Cordeiro.

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