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História da Redenção
Livros 64
Autor: Ellen White
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Os links abaixo estão disponiveis com permissão do Ellen G. White Estate em Silver Spring, Maryland, EUA.

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Fui transportada à ocasião em que Jesus comeu a páscoa com Seus discípulos. Satanás tinha enganado Judas, e o levara a julgar ser ele um dos verdadeiros discípulos de Cristo; seu coração, porém, sempre tinha sido carnal. Tinha visto as obras poderosas de Jesus, com Ele estivera no decorrer de Seu ministério, deixando-se convencer pelas provas esmagadoras de que Ele era o Messias; mas Judas era mesquinho e cobiçoso; amava o dinheiro. Com ira deplorou o uso do precioso ungüento derramado sobre Jesus.

Maria amava a seu Senhor. Havia-lhe perdoado os pecados, que eram muitos, e ressuscitara dos mortos seu irmão mui amado, e ela entendia que nada era demasiado caro para conferir a Jesus. Quanto mais precioso fosse o ungüento, melhor poderia ela exprimir a gratidão para com seu Salvador, dedicando-o a Ele.

Judas, como desculpa de sua cobiça, insistia que o ungüento poderia ter sido vendido e dado aos pobres. Mas não era porque tivesse qualquer cuidado dos pobres: pois era egoísta e muitas vezes se apossava para seu próprio uso daquilo que era confiado ao seu cuidado para ser dado aos pobres. Judas fora desatencioso ao conforto de Jesus, e mesmo às Suas necessidades, e para desculpar sua cobiça muitas vezes se referia aos pobres. Este ato de generosidade da parte de Maria foi uma repreensão incisiva à sua disposição para a cobiça. O caminho

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estava preparado para a tentação de Satanás encontrar fácil recepção no coração de Judas.

Os sacerdotes e príncipes dos judeus odiavam a Jesus; mas multidões se juntavam para ouvir Suas palavras de sabedoria e testemunhar Suas poderosas obras. O povo se achava agitado pelo mais profundo interesse, e ansiosamente seguia a Jesus a fim de ouvir as instruções deste maravilhoso Mestre. Muitos dos príncipes creram nEle, mas não ousavam confessar sua fé para não serem expulsos da sinagoga. Os sacerdotes e anciãos decidiram que algo se deveria fazer para desviar de Jesus a atenção do povo. Temiam que todos os homens cressem nEle. Não podiam ver segurança alguma para si. Haviam de perder sua posição, ou matar a Jesus. E, depois que O matassem, haveria ainda os que eram monumentos vivos de Seu poder.

Jesus tinha ressuscitado a Lázaro dentre os mortos, e receavam que, se O matassem, Lázaro testificaria de Seu grande poder. O povo estava se aglomerando para ver aquele que tinha sido ressuscitado dentre os mortos, e os príncipes resolveram matar Lázaro também, e abafar assim o tumulto. Então teriam de novo influência sobre o povo e o fariam volver às tradições e doutrinas dos homens, para dizimarem a hortelã e o cominho. Concordaram em prender Jesus quando Ele estivesse só; pois, se tentassem prendê-Lo em uma multidão, quando a mente de todo o povo nEle estivesse interessada, seriam apedrejados.

Judas sabia quão ansiosos estavam para obterem Jesus, e ofereceu-se para traí-Lo aos príncipes dos sacerdotes e anciãos, por algumas moedas de prata. Seu amor ao dinheiro levou-o a consentir em trair seu Senhor às mãos de seus piores inimigos. Satanás estava operando diretamente por intermédio de Judas, e, em meio da cena impressionante

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da última ceia, o traidor estava imaginando planos para entregar seu Senhor. Jesus tristemente disse a Seus discípulos que todos eles naquela noite se escandalizariam nEle. Mas Pedro ardorosamente afirmou que, ainda que todos os outros se escandalizassem, ele não o faria. Jesus disse-lhe: "Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos." Luc. 22:31 e 32.

No Jardim

Eis Jesus no horto, com Seus discípulos. Com profunda tristeza mandou-lhes que vigiassem e orassem, para não caírem em tentação. Sabia que sua fé deveria ser provada, e suas esperanças iludidas, e que necessitariam de toda força que pudessem obter por um atento vigiar e fervorosa oração. Com fortes brados e pranto, Jesus orou: "Pai, se queres, passa de Mim este cálix, todavia não se faça a Minha vontade, mas a Tua." Luc. 22:42. O Filho de Deus orava com agonia. Grandes gotas de sangue juntavam-se em Seu rosto e caíam ao chão. Anjos pairavam no local, testemunhando aquela cena, mas apenas um foi comissionado para ir fortalecer o Filho de Deus em Sua agonia. Não havia alegria no Céu. Os anjos lançaram de si as coroas e harpas, e com o mais profundo interesse observavam silenciosamente a Jesus. Desejavam cercar o Filho de Deus, mas o anjo comandante não lhes permitiu, para que não acontecesse, ao contemplarem eles Sua traição, que O livrassem; pois o plano tinha sido formulado e deveria cumprir-se.

Depois que Jesus orou, veio a Seus discípulos; eles, porém, estavam a dormir. Naquela hora terrível Ele não tinha a simpatia e oração nem mesmo de Seus discípulos. Pedro, tão

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zeloso fora algum tempo antes, estava carregado de sono. Jesus lembrou-lhe suas positivas declarações, dizendo-lhe: "Então, nem uma hora pudeste vigiar comigo?" Mat. 26:40. Três vezes o Filho de Deus orou com agonia.

Judas Trai a Jesus

Então apareceu Judas, com seu grupo de homens armados. Aproximou-se de seu Mestre como de costume, para O saudar. O grupo rodeou a Jesus; mas ali manifestou Ele o Seu poder divino, quando disse: "A quem buscais? ... Sou Eu." João 18:4 e 5. Eles caíram para trás, por terra. Jesus fez esta pergunta para que pudessem testemunhar o Seu poder, e ter provas de que Ele poderia livrar-Se de suas mãos, se o quisesse.

Os discípulos começaram a ter esperanças, ao verem a multidão com suas lanças e espadas cair tão rapidamente. Levantando-se e de novo cercando o Filho de Deus, Pedro arrancou a espada e feriu um servo do sumo sacerdote, cortando-lhe uma orelha. Jesus mandou-lhe que pusesse a espada em seu lugar, dizendo: "Ou pensas tu que Eu não poderia agora orar a Meu Pai, e que Ele não Me daria mais de doze legiões de anjos?" Mat. 26:53. Vi que, ao serem faladas estas palavras, os rostos dos anjos se animaram com esperança. Desejavam naquele momento, ali mesmo, rodear seu Comandante e dispersar a turba irosa. Mas, de novo a tristeza caiu sobre eles, quando Jesus acrescentou: "Como pois se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?" Mat. 26:54. O coração dos discípulos também caiu em desespero e amargo desapontamento, ao deixar-Se Jesus ser levado pelos Seus inimigos.

Os discípulos temeram pela própria vida, e todos eles O abandonaram e fugiram. Jesus foi deixado só nas mãos da turba assassina. Oh, que triunfo então houve

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para Satanás! E que tristeza e pesar entre os anjos de Deus! Muitos grupos de santos anjos, cada qual com um alto anjo comandante à sua frente, foram enviados para testemunhar a cena. Deveriam registrar todo insulto e crueldade impostos ao Filho de Deus, e todo o transe de angústia que Jesus sofresse; pois os mesmos homens que se uniram nesta cena terrível devem vê-la toda outra vez, em vívidos caracteres.

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