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História da Redenção
Livros 55
Autor: Ellen White
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Os links abaixo estão disponiveis com permissão do Ellen G. White Estate em Silver Spring, Maryland, EUA.

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Os filhos de Israel viajaram pelo deserto e, por três dias, não puderam achar boa água para beber. Sofrendo com a sede "o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber? E ele clamou ao Senhor, e o Senhor mostrou-lhe um lenho que lançou nas águas, e as águas se tornaram doces: ali lhes deu estatutos e uma ordenação, e ali os provou. E disse: Se ouvires atento a voz do Senhor teu Deus, e obrares o que é reto diante de Seus olhos, e inclinares os teus ouvidos aos Seus mandamentos, e guardares todos os Seus estatutos, nenhuma das enfermidade porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque Eu sou o Senhor que te sara." Êxo. 15:24-26.

Os filhos de Israel mostraram possuir um mau coração de incredulidade. Não estavam dispostos a suportar as durezas do deserto. Quando deparavam com dificuldades no caminho, consideravam-nas como impossibilidades. Sua confiança em Deus falhava, e eles não viam ante si coisa alguma senão a morte. "Toda a congregação dos filhos de Israel murmurou contra Moisés e Aarão no deserto. E os filhos de Israel disseram-lhes: Quem dera que nós morrêssemos por mão do Senhor na terra do Egito,

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quando estávamos sentados junto às panelas da carne, quando comíamos pão até fartar! porque nos tendes tirado para este deserto, para matardes de fome a toda esta multidão." Êxo. 16:2 e 3.

Na verdade, eles não tinham sofrido a agonia da fome. Tinham alimento para o presente, mas estavam temerosos pelo futuro. Não viam como as multidões de Israel subsistiriam, em sua longa jornada através do deserto, com o simples alimento que então possuíam, e na sua descrença viam seus filhos a perecer de fome. O Senhor permitiu que escasseasse o suprimento de alimentos e que as dificuldades os rodeassem, para que seu coração se voltasse Àquele que até ali os ajudara, e nEle cressem. Estava pronto para ser-lhes um auxílio presente. Se em sua necessidade O invocassem, Ele lhes manifestaria sinais de Seu amor e contínuo cuidado.

Entretanto pareciam não dispostos a continuar confiando no Senhor, a não ser que pudessem testemunhar diante de seus olhos a contínua evidência de Seu poder. Se tivessem possuído verdadeira fé e firme confiança em Deus, inconveniências, obstáculos e mesmo sofrimentos reais teriam sido alegremente suportados, visto que o Senhor operara de modo tão maravilhoso para seu livramento da servidão. Além disso, o Senhor prometeu que, se fossem obedientes aos Seus mandamentos, nenhuma enfermidade viria sobre eles, pois disse: "Eu sou o Senhor que te sara." Êxo. 15:26.

Depois desta segura promessa de Deus era pecaminosa incredulidade de sua parte temer antecipadamente que eles e seus filhos pudessem morrer à fome. Tinham sofrido grandemente no Egito, sobrecarregados de trabalho. Seus filhos tinham sido condenados à morte e, em resposta a suas orações de angústia, Deus misericordiosamente os livrara. Prometera ser o seu Deus, tomá-los para

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Si como um povo, e guiá-los a uma terra larga e boa.

Mas, eles estavam prontos a desfalecer a cada sofrimento que tivessem de suportar no caminho para aquela terra. Tinham suportado muito mais em serviço aos egípcios, porém agora não podiam suportar o sofrimento em serviço a Deus. Estavam prontos a ceder a suas sombrias dúvidas e a mergulhar no desencorajamento quando fossem tentados. Murmuraram contra o devoto servo de Deus, Moisés, e o responsabilizaram por todo o seu sofrimento. Expressaram ainda o desejo ímpio de permanecer no Egito, onde se podiam assentar junto às panelas de carne e comer pão a fartar.

Lição Para Nosso Tempo

A incredulidade e a murmuração dos filhos de Israel ilustra o povo de Deus hoje sobre a Terra. Muitos olham para o Israel do passado e se maravilham de sua descrença e contínua murmuração, depois de o Senhor ter feito tanto por eles, dando-lhes repetidas evidências de Seu amor e cuidado. Acham que não se deviam ter mostrado ingratos. Mas alguns que assim pensam, murmuram e se queixam ante coisas de pequena conseqüência. Não se conhecem a si mesmos. Deus os experimenta com freqüência, e prova sua fé com pequenas aflições; e eles não suportam a prova melhor do que fez o antigo Israel.

Muitos têm suas necessidades presentes supridas; mesmo assim não confiam no Senhor para o futuro. Manifestam incredulidade e caem no abatimento, no desânimo, em face de necessidades antecipadas. Alguns vivem em contínua preocupação, com medo de que venham a ter necessidade e que seus filhos sofram. Quando surgem dificuldades ou são postos em aperto - quando sua fé e amor a Deus são provados - recuam do sofrimento e murmuram do meio

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escolhido por Deus para purificá-los. Seu amor não se prova puro e perfeito para suportar tudo.

A fé do povo do Deus do Céu deve ser forte, ativa e perseverante - a prova das coisas que se esperam. Então a sua linguagem será: "Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e tudo o que há em mim bendiga o Seu santo nome" (Sal. 103:1), pois Ele me tem tratado generosamente.

A abnegação é considerada por muitos como sendo real sofrimento. Os apetites depravados são tolerados. E uma restrição ao apetite não saudável levaria até muitos professos cristãos a iniciar agora um retorno, como se a inanição fosse a conseqüência de um regime simples. E, à semelhança dos filhos de Israel, prefeririam a escravidão, corpos doentios, e mesmo a morte, a serem privados das panelas de carne. Pão e água é tudo o que foi prometido aos remanescentes no tempo de angústia.

O Maná

"E, alçando-se o orvalho caído, eis que sobre a face do deserto estava uma coisa miúda, redonda; miúda como a geada sobre a terra. E, vendo-a os filhos de Israel, disseram uns aos outros: Que é isto? porque não sabiam o que era. Disse-lhes pois Moisés: Este é o pão que o Senhor vos deu para comer. Esta é a palavra que o Senhor tem mandado: Colhei dele cada um conforme ao que pode comer, um gômer por cada cabeça, segundo o número das vossas almas; cada um tomará para os que se acharem na sua tenda." Êxo. 16:14-16.

"E os filhos de Israel fizeram assim; e colheram, uns mais e outros menos. Porém, medindo-o com o gômer, não sobejava ao que colhera muito, nem faltava ao que colhera pouco: cada um colheu tanto quanto podia comer. E disse-lhes Moisés:

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Ninguém dele deixe para amanhã. Eles, porém, não deram ouvidos a Moisés, antes alguns deles deixaram dele para o dia seguinte; e aquele criou bichos, e cheirava mal; por isso indignou-se Moisés contra eles. Eles pois o colhiam cada manhã, cada um, conforme ao que podia comer; porque, aquecendo o sol, derretia-se." Êxo. 16:17-21.

"E aconteceu que ao sexto dia colheram pão em dobro, dois gômeres para cada um: e todos os príncipes da congregação vieram, e contaram-no a Moisés. E ele disse-lhes: Isto é o que o Senhor tem dito: Amanhã é repouso, o santo sábado do Senhor: o que quiserdes cozer no forno, cozei-o, e o que quiserdes cozer em água, cozei-o em água; e tudo o que sobejar, ponde em guarda para vós até amanhã. E guardaram-no até amanhã, como Moisés tinha ordenado: e não cheirou mal, nem nele houve algum bicho. Então disse Moisés: Comei-o hoje, porquanto hoje é o sábado do Senhor: hoje não o achareis no campo. Seis dias o colhereis, mas o sétimo dia é o sábado; nele não haverá." Êxo. 16:22-26.

O Senhor não é agora menos minucioso com respeito ao sábado do que quando deu essas especiais direções aos filhos de Israel. Determinou-lhes que, no sexto dia, assassem o que quisessem assar, e cozessem o que quisessem cozer, em preparo para o repouso do sábado.

Deus manifestou Seu grande cuidado e amor por Seu povo enviando-lhe pão do céu. "Comeram pão dos anjos"; isto é, alimento provido para eles pelos anjos. O triplo milagre do maná - dupla porção no sexto dia, nenhuma no sétimo, e sua conservação através do sábado, quando nos outros dias se tornava impróprio para o uso -

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foi designado para impressioná-los quanto à solenidade do sábado.

Depois de terem sido abundantemente supridos de alimento, ficaram envergonhados de sua descrença e murmurações, e prometeram confiar no Senhor para o futuro. Logo, porém, esqueceram a promessa e falharam na primeira prova de fé.

Água da Rocha

Viajaram do deserto de Sim, e acamparam em Refidim, onde não havia água para o povo beber. "Contendeu o povo com Moisés, e disseram: Dá-nos água para beber. E Moisés lhes disse: Por que contendeis comigo? por que tentais ao Senhor? Tendo pois ali o povo sede de água, o povo murmurou contra Moisés, e disse: Por que nos fizeste subir do Egito, para nos matares de sede, a nós e a nossos filhos, e ao nosso gado? E clamou Moisés ao Senhor, dizendo: Que farei a este povo? daqui a pouco me apedrejarão." Êxo. 17:2-4.

"Disse o Senhor a Moisés: Passa diante do povo, e toma contigo alguns dos anciãos de Israel: e toma na tua mão a tua vara, com que feriste o rio: vai. Eis que Eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe, e tu ferirás a rocha, e dela sairão águas, e o povo beberá. E Moisés assim o fez, na presença dos olhos dos anciãos de Israel. E chamou o nome daquele lugar Massá e Meribá, por causa da contenda dos filhos de Israel, e porque tentaram ao Senhor, dizendo: Está o Senhor no meio de nós, ou não?" Êxo. 17:5-7.

Deus guiou os filhos de Israel para acamparem nesse lugar, onde não havia água, para prová-los, a fim de ver se

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eles O buscariam em seu desespero, ou murmurariam como já tinham feito anteriormente. À vista do que Deus tinha feito por eles em seu maravilhoso livramento, deviam ter crido nEle em seu infortúnio. Deviam ter compreendido que não permitiria perecer de sede aqueles a quem havia prometido tomar para Si como Seu povo. Mas, em vez de humildemente suplicarem do Senhor a provisão para suas necessidades, murmuraram contra Moisés, e dele exigiram água.

Deus tinha estado manifestando de contínuo Seu poder de forma maravilhosa diante deles, para fazê-los entender que todos os benefícios que recebiam vinham dEle; que os podia dar ou remover, de acordo com a Sua própria vontade. Algumas vezes tiveram um perfeito entendimento disso, e humilharam-se grandemente diante do Senhor; mas quando sedentos ou famintos, lançaram tudo sobre Moisés, como se tivesse deixado o Egito para agradar-lhe. Moisés contristou-se com suas cruéis murmurações. Indagou do Senhor o que devia fazer, pois o povo estava pronto para apedrejá-lo. O Senhor mandou que ferisse a rocha com a vara de Deus. A nuvem da Sua glória repousava diante da rocha. "Fendeu as penhas no deserto; e deu-lhes de beber como de grandes abismos. Fez sair fontes da rocha, e fez correr as águas como rios." Sal. 78:15 e 16.

Moisés feriu a rocha, mas era Cristo que estava com ele e fazia a água correr da pederneira. O povo tentou o Senhor em sua sede, e disse: Se Deus nos trouxe aqui, por que não nos dá água assim como pão? A incredulidade assim demonstrada era criminosa, e fez com que Moisés receasse que o Senhor os punisse por suas ímpias murmurações. O Senhor provou a fé de Seu povo, mas este

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não suportou a prova. Murmurou por alimento e por água e acusou a Moisés. Por causa de sua incredulidade, o Senhor permitiu que seus inimigos fizessem guerra contra ele, para manifestar a Seu povo de onde vinha a sua força.

Livramento de Amaleque

"Então veio Amaleque, e pelejou contra Israel em Refidim. Pelo que disse Moisés a Josué: Escolhe-nos homens, e sai, peleja contra Amaleque: amanhã eu estarei sobre o cume do outeiro, e a vara de Deus estará na minha mão. E fez Josué como Moisés lhe dissera, pelejando contra Amaleque: mas Moisés, Aarão, e Hur subiram ao cume do outeiro. E acontecia que, quando Moisés levantava a sua mão, Israel prevalecia: mas quando ele abaixava a sua mão, Amaleque prevalecia. Porém as mãos de Moisés eram pesadas, por isso tomaram uma pedra, e a puseram debaixo dele, para assentar-se sobre ela: e Aarão e Hur sustentaram as suas mãos, um duma banda, e o outro da outra; assim ficaram as suas mãos firmes até que o sol se pôs." Êxo. 17:8-12.

Moisés ergueu as mãos na direção do Céu, com a vara de Deus na mão direita, suplicando a ajuda de Deus. Então Israel prevaleceu e afugentou seus inimigos. Quando Moisés baixou as mãos, viu-se que Israel logo perdeu tudo que havia ganho, e estava sendo vencido pelo inimigo. Moisés de novo ergueu as mãos na direção do Céu, e Israel prevaleceu, fazendo o inimigo recuar.

Esse ato de Moisés, estendendo as mãos para Deus, devia ensinar a Israel que, enquanto pusessem em Deus sua confiança, se apegassem a Sua força e exaltassem o Seu trono, Ele lutaria por eles e subjugaria seus inimigos. Contudo, quando

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perdessem a confiança em Seu poder e confiassem em sua própria força, seriam mesmo mais fracos do que seus inimigos, que não tinham o conhecimento de Deus, e estes haviam de prevalecer sobre eles. Então "Josué desfez a Amaleque, e a seu povo, ao fio de espada". Êxo. 17:13.

"Então disse o Senhor a Moisés: Escreve isto para memória num livro, e relata-o aos ouvidos de Josué; que Eu totalmente hei de riscar a memória de Amaleque de debaixo dos céus. E Moisés edificou um altar, e chamou o seu nome, o Senhor é minha bandeira. E disse: Porquanto jurou o Senhor, haverá guerra do Senhor contra Amaleque de geração em geração." Êxo. 17:14-16. Se os filhos de Israel não tivessem murmurado contra o Senhor, Ele não teria permitido que seus inimigos fizessem guerra com eles.

A Visita de Jetro

Antes de Moisés deixar o Egito, levou de volta sua esposa e filhos ao seu sogro. E depois que Jetro ouviu do maravilhoso livramento dos israelitas do Egito, visitou a Moisés no deserto, trazendo-lhe sua esposa e filhos. "Então saiu Moisés ao encontro de seu sogro, e inclinou-se, e beijou-o, e perguntaram um ao outro como estavam, e entraram na tenda. E Moisés contou a seu sogro todas as coisas que o Senhor tinha feito a Faraó e aos egípcios por amor de Israel, e todo o trabalho que passaram no caminho, e como o Senhor os livrara." Êxo. 18:7 e 8.

"Alegrou-se Jetro de todo o bem que o Senhor tinha feito a Israel, livrando-o da mão dos egípcios. E Jetro disse: Bendito seja o Senhor, que vos livrou das mãos dos egípcios e da mão de

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Faraó; que livrou a este povo de debaixo da mão dos egípcios. Agora sei que o Senhor é maior que todos os deuses; porque na coisa em que se ensoberbeceram, os sobrepujou. Então tomou Jetro, o sogro de Moisés, holocausto e sacrifícios para Deus; e veio Aarão, e todos os anciãos de Israel, para comerem pão com o sogro de Moisés diante de Deus." Êxo. 18:9-12.

O olho experimentado de Jetro logo viu que os encargos sobre Moisés eram muito grandes, pois o povo trazia a ele todas as questões difíceis e ele os instruía com relação aos estatutos e à lei de Deus. Disse a Moisés: "Ouve agora a minha voz; eu te aconselharei, e Deus será contigo: Sê tu pelo povo diante de Deus, e leva tu as coisas a Deus; e declara-lhes os estatutos e as leis, e faze-lhes saber o caminho em que devem andar, e a obra que devem fazer. E tu dentre todo o povo procura homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza; e põe-nos sobre eles por maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinqüenta, e maiorais de dez; para que julguem este povo em todo o tempo, e seja que todo o negócio grave tragam a ti, mas todo o negócio pequeno eles o julguem; assim a ti mesmo te aliviarás da carga, e eles a levarão contigo. Se isto fizeres, e Deus to mandar, poderás então subsistir: assim também todo este povo em paz virá ao seu lugar." Êxo. 18:19-23.

"E Moisés deu ouvidos à voz de seu sogro e fez tudo quanto tinha dito; e escolheu Moisés homens capazes, de todo o Israel, e os pôs por cabeças sobre o povo: maiorais de mil e maiorais de cem, maiorais de cinqüenta, e maiorais de dez. E eles julgaram

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o povo em todo o tempo; o negócio árduo trouxeram a Moisés, e todo o negócio pequeno julgaram eles. Então despediu Moisés o seu sogro, o qual se foi à sua terra." Êxo. 18:24-27.

Moisés não se julgava diminuído ao receber instrução de seu sogro. Deus o exaltara grandemente e operara maravilhas por sua mão. Contudo, Moisés não arrazoou que Deus o escolhera para instruir outros e que cumprira coisas maravilhosas por sua mão, e que por isso não necessitava ser instruído. Alegremente ouviu as sugestões de seu sogro, e adotou seu plano como uma sábia providência.

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