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Filhas de Deus
LivrosAutor: Ellen White
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O estudo da obra das mulheres em conexão com a Causa de Deus, nos tempos do Antigo Testamento, nos ensinará lições que nos habilitem a enfrentar emergências na obra hoje em dia. Talvez não sejamos levados a uma situação tão crítica e saliente como o povo de Deus no tempo de Ester; muitas vezes, porém, mulheres convertidas podem desempenhar uma parte importante em posições mais humildes. Isso, muitas têm feito, e ainda estão dispostas a fazer. — E Recebereis Poder, 270.

Eva, a mãe de todos

Este capítulo é baseado em Gênesis 1, 2.

“Os céus por Sua palavra se fizeram, e, pelo sopro de Sua boca, o exército deles”. Salmos 33:6. “Pois Ele falou, e tudo se fez; Ele ordenou, e tudo passou a existir”. V. 9. Ele lançou “os fundamentos da Terra, para que ela não vacile em tempo nenhum”. Salmos 104:5.

Quando a Terra saiu das mãos de seu Criador, era extraordinariamente bela. ... A hoste angélica olhava esse cenário com deleite, e regozijava-se com as obras maravilhosas de Deus.

Depois que a Terra com sua abundante vida animal e vegetal fora suscitada à existência, o homem, a obra coroadora do Criador, e aquele para quem a linda Terra fora preparada, foi colocado em cena. A ele foi dado domínio sobre tudo que seus olhos poderiam contemplar; pois, “disse Deus: Façamos o homem à Nossa imagem, conforme à Nossa semelhança; e domine ... sobre toda a Terra”. “Criou Deus, pois, o homem à Sua imagem; ... homem e mulher os criou”. Gênesis 1:26, 27. Aqui está claramente estabelecida a origem da raça humana; e o relato divino expõe tão compreensivelmente que não há lugar para conclusões errôneas. Deus criou o homem à Sua imagem. Não há aqui mistério. Não há lugar para a suposição de que o homem evoluiu, por meio de morosos graus de desenvolvimento, das formas inferiores da vida animal ou vegetal. Tal ensino rebaixa a grande obra do Criador ao nível das concepções estreitas e terrenas do homem. Os homens são tão persistentes em excluir a Deus da soberania do Universo, que degradam ao homem, e o despojam da dignidade de sua origem. Aquele que estabeleceu os mundos estelares nos

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altos céus, e com delicada perícia coloriu as flores do campo, Aquele que encheu a Terra e os céus com as maravilhas de Seu poder, vindo a coroar Sua obra gloriosa a fim de pôr em seu meio alguém para ser o governador da linda Terra, não deixou de criar um ser digno das mãos que lhe deram vida. A genealogia de nossa raça, conforme é dada pela inspiração, remonta sua origem não a uma linhagem de micróbios, moluscos e quadrúpedes a se desenvolverem, mas ao grande Criador. Posto que formado do pó, Adão era filho “de Deus”. Lucas 3:38. ...

O homem deveria ter a imagem de Deus, tanto na aparência exterior como no caráter. ... Ele era santo e feliz, tendo a imagem de Deus, e estando em perfeita obediência à Sua vontade.

Ao sair o homem das mãos do Criador era de elevada estatura e perfeita simetria. O rosto trazia a rubra coloração da saúde, e resplendia com a luz da vida e com alegria. A altura de Adão era muito maior do que a dos homens que hoje habitam a Terra. Eva era um pouco menor em estatura; contudo suas formas eram nobres e cheias de beleza. Esse casal, que não tinha pecados, não fazia uso de vestes artificiais; estavam revestidos de uma cobertura de luz e glória, tal como a usam os anjos. Enquanto viveram em obediência a Deus, esta veste de luz continuou a envolvê-los. ...

O próprio Deus deu a Adão uma companheira. Proveu-lhe uma “adjutora” — ajudadora esta que lhe correspondesse — a qual estava em condições de ser sua companheira, e que poderia ser um com ele, em amor e simpatia. Eva foi criada de uma costela tirada do lado de Adão, significando que não o deveria dominar, como a cabeça, nem ser pisada sob os pés como se fosse inferior, mas estar a seu lado como igual, e ser amada e protegida por ele. Como parte do homem, osso de seus ossos, e carne de sua carne, era ela o seu segundo eu, mostrando isto a íntima união e apego afetivo que deve existir nesta relação. “Porque nunca ninguém aborreceu a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta”. Efésios 5:29. “Portanto deixará o varão a seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”. Gênesis 2:24. ...

A criação estava agora completa. “Os céus, e a Terra e todo o seu exército foram acabados”. Gênesis 2:1. “E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom”. Gênesis 1:31. O Éden florescia sobre a Terra. Adão e Eva tinham franco acesso à árvore da vida. Nenhuma mancha de pecado ou sombra de morte deslustrava a formosa criação. “As estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam”. Jó 38:7.

Nossos primeiros pais, se bem que criados inocentes e santos, não foram colocados fora da possibilidade de praticar o mal. Deus os fez como seres morais livres, capazes de apreciar a sabedoria e benignidade de Seu caráter, e a justiça de Suas ordens, e com ampla liberdade de prestar

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obediência ou recusá-la. Deviam desfrutar comunhão com Deus e com os santos anjos; antes, porém, que pudessem tornar-se eternamente livres de perigo, devia ser provada sua fidelidade. ...

Enquanto permanecessem fiéis a Deus, Adão e sua companheira deveriam exercer governo sobre a Terra. Foi lhes dado domínio ilimitado sobre todo ser vivente. O leão e o cordeiro brincavam pacificamente em redor deles, ou deitavam-se aos seus pés. Os ditosos pássaros esvoaçavam ao seu redor, sem temor; e, ao ascenderem seus alegres cantos em louvor ao Criador, Adão e Eva uniam-se a eles em ações de graças ao Pai e ao Filho. ...

Os anjos haviam advertido Eva de que tivesse o cuidado de não se afastar do esposo enquanto se ocupavam com seu trabalho diário no jardim; junto dele estaria em menor perigo de tentação, do que se estivesse sozinha. Mas, absorta em sua aprazível ocupação, inconscientemente se desviou de seu lado. ... Logo se achou a contemplar, com um misto de curiosidade e admiração, a árvore proibida. O fruto era muito belo, e ela perguntava a si mesma por que Deus os privara desse fruto. Essa era a oportunidade do tentador. Como se fosse capaz de distinguir as cogitações de seu espírito, a ela assim se dirigiu: “É assim que Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?” Gênesis 3:1. ...

O tentador insinuou que a advertência divina não devia ser efetivamente cumprida; destinava-se simplesmente a intimidá-los. ...

Eva creu realmente nas palavras de Satanás, mas a sua crença não a salvou da pena do pecado. Descreu das palavras de Deus, e isto foi o que a levou à queda. No Juízo, os homens não serão condenados porque conscienciosamente creram na mentira, mas porque não acreditaram na verdade, porque negligenciaram a oportunidade de aprender o que é a verdade. ...

Quando [Eva] viu “que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, e comeu”. Gênesis 3:6. Era agradável ao paladar; e, enquanto comia, pareceu-lhe sentir um poder vivificador, e imaginou-se a entrar para uma esfera mais elevada de existência. Sem receio apanhou e comeu. E agora, havendo ela transgredido, tornou-se o agente de Satanás para efetuar a ruína de seu esposo. Em um estado de exaltação estranha e fora do natural, com as mãos cheias do fruto proibido, procurou a presença dele, e relatou tudo que ocorrera.

Uma expressão de tristeza sobreveio ao rosto de Adão. Mostrou-se atônito e alarmado. Às palavras de Eva replicou que isso devia ser o adversário contra quem haviam sido advertidos; e pela sentença divina ela deveria morrer. Em resposta insistiu com ele para comer, repetindo as palavras da serpente, de que certamente não morreriam. Ela raciocinava que isto deveria ser verdade, pois que não sentia evidência alguma do desagrado de Deus, mas ao contrário experimentava uma influência

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deliciosa, alegre, a fazer fremir toda a faculdade de uma nova vida, influência tal, imaginava ela, como a que inspirava os mensageiros celestiais.

Adão compreendeu que sua companheira transgredira a ordem de Deus, desrespeitara a única proibição a eles imposta como prova de sua fidelidade e amor. Teve uma terrível luta íntima. Lamentava que houvesse permitido desviar-se Eva de seu lado. Agora, porém, a ação estava praticada; devia separar-se daquela cuja companhia fora sua alegria. Como poderia suportar isso? ...

Resolveu partilhar sua sorte; se ela devia morrer, com ela morreria ele. Afinal, raciocinou, poderiam não ser verdadeiras as palavras da sábia serpente? Eva estava diante dele, tão bela, e aparentemente tão inocente como antes deste ato de desobediência. Exprimia maior amor para com ele do que antes. Nenhum sinal de morte aparecia nela, e ele se decidiu a afrontar as conseqüências. Tomou o fruto, e o comeu rapidamente. — Patriarcas e Profetas, 44-48, 50, 53-57.

Não tivessem Adão e Eva desobedecido ao seu Criador, tivessem eles permanecido no caminho da perfeita retidão, e poderiam ter conhecido e compreendido a Deus. Mas quando ouviram a voz do tentador, e pecaram contra Deus, a luz das vestes da inocência celestial se afastou deles; e, separados das vestes da inocência, aconchegaram a si as negras vestes da ignorância a respeito de Deus. A clara e perfeita luz que até aí os tinha circundado tinha iluminado todas as coisas de que se aproximavam; mas, privados dessa luz celeste, a posteridade de Adão não pôde por mais tempo reconhecer o caráter de Deus em Suas obras criadas. — Mensagens Escolhidas 1:291.

Sara, esposa de Abraão, mãe de nações

Este capítulo é baseado em Gênesis 11-23.

Foi feita a Abraão a promessa de uma posteridade numerosa e de grandeza nacional, promessa especialmente acatada pelo povo daquela época: “Far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção”. E a isto acrescentou-se esta certeza, mais preciosa do que todas as outras para o herdeiro da fé, de que o Redentor do mundo viria de sua linhagem: “Em ti serão benditas todas as famílias da Terra”. Gênesis 12:2, 3. Contudo, como primeira condição de cumprimento, deveria haver uma prova para a fé; um sacrifício foi exigido.

Veio a Abraão a mensagem de Deus: “Sai-te da tua terra, e da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que Eu te mostrarei”. Gênesis 12:1. A fim de que Deus o pudesse habilitar para a sua grande obra, como guardador dos oráculos sagrados, Abraão devia desligar-se das relações de sua vida anterior. A influência de parentes e amigos incompatibilizar-se-ia com o ensino que o Senhor Se propunha a dar a Seu servo. Agora que Abraão estava, em sentido especial, ligado ao Céu, devia habitar entre estranhos. Seu caráter devia ser peculiar, diferindo de todo o

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mundo. Ele não podia nem mesmo explicar sua maneira de proceder, de modo que fosse compreendido por seus amigos. As coisas espirituais são discernidas espiritualmente, e seus intuitos e ações não eram entendidos por seus parentes idólatras.

“Pela fé, Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia”. Hebreus 11:8. ...

Além de Sara, mulher de Abraão, apenas Ló, filho de Harã, falecido havia muito, optara partilhar da vida peregrina do patriarca. ...

Durante sua permanência no Egito, Abraão deu prova de que não estava livre de fraqueza e imperfeição humana. Ocultando o fato de que Sara era sua esposa, evidenciou desconfiança no cuidado divino, falta daquela fé e coragem sublime tão freqüente e nobremente exemplificada em sua vida. Sara era “formosa à vista”, e ele não duvidou de que os egípcios de pele morena, cobiçariam a bela estrangeira, e que, a fim de consegui-la, não teriam escrúpulo de matar seu marido. Raciocinou que não seria culpado de falsidade ao apresentar Sara como sua irmã; pois que era filha de seu pai, posto que não de sua mãe.

Mas esta ocultação da verdadeira relação entre eles, era engano. Nenhum desvio da estrita integridade pode encontrar a aprovação de Deus. Devido à falta de fé por parte de Abraão, Sara foi posta em grande perigo. O rei do Egito, sendo informado de sua beleza, fez com que ela fosse levada ao seu palácio, com o objetivo de fazer dela sua esposa. Mas o Senhor, em Sua grande misericórdia, protegeu Sara, enviando juízos sobre a casa real. Por esse meio o rei soube a verdade a tal respeito; e, indignado pelo engano praticado para com ele, reprovou Abraão, e restituiu-lhe a esposa, dizendo: “Que é isto que me fizeste? ... Por que disseste: É minha irmã? de maneira que a houvera tomado por minha mulher; agora, pois, eis aqui tua mulher; toma-a e vai-te”. Gênesis 12:18, 19. ...

Abraão voltou para Canaã “muito rico em gado, em prata, e em ouro”. Gênesis 13:2. Ló ainda estava com ele, e novamente vieram a Betel, e armaram suas tendas ao lado do altar que haviam construído anteriormente. ...

Em uma visão da noite ouviu de novo a voz divina. “Não temas, Abraão”, foram as palavras do Príncipe dos príncipes; “Eu sou o teu escudo, o teu grandíssimo galardão”. Gênesis 15:1-5. Mas sua mente estava tão oprimida com sinais que ele não pôde então apreender a promessa com implícita confiança, como antes fazia. Orou pedindo alguma prova palpável de que ela se cumpriria. E como deveria cumprir-se a promessa do concerto, enquanto o dom de um filho lhe era recusado? “Que me hás de dar”, disse ele, “pois ando sem filhos?” Gênesis 15:2. “E eis que um nascido na minha casa será o meu herdeiro”. Gênesis 15:3. Propôs fazer de seu fiel servo Eliézer seu filho adotivo, e herdeiro de suas posses. Mas foi-lhe assegurado que um filho dele mesmo seria o seu herdeiro. Levado para

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fora de sua tenda, foi-lhe dito que olhasse para as incontáveis estrelas a resplandecer nos céus; e, fazendo ele isto, foram proferidas estas palavras: “Assim será a tua semente”. Gênesis 15:5. “Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça”. Romanos 4:3. ...

Abraão aceitara sem pôr em dúvida a promessa de um filho, mas não esperou que Deus cumprisse a palavra no tempo e maneira que Ele o entendia. Foi permitida uma demora para provar sua fé no poder de Deus; mas ele não pôde suportar a prova. Achando impossível que lhe fosse dado um filho em sua avançada idade, Sara sugeriu, como um plano pelo qual o propósito divino poderia cumprir-se, que uma de suas servas fosse tomada por Abraão como segunda mulher. A poligamia se tornara tão espalhada que deixara de ser considerada como pecado; mas nem por isso deixava de ser uma violação da lei de Deus, e era de resultado fatal à santidade e paz na relação da família. Do casamento de Abraão com Hagar resultaram males, não somente para a sua própria casa, mas para as gerações futuras. ...

Quando Abraão tinha quase cem anos de idade, a promessa de um filho foi-lhe repetida, com a informação de que o futuro herdeiro seria filho de Sara. Mas Abraão ainda não compreendeu a promessa. Sua mente de pronto volveu para Ismael, apegando-se à crença de que por meio dele os propósitos graciosos de Deus deveriam cumprir-se. Em sua afeição para com o filho, exclamou: “Oxalá que viva Ismael diante de Teu rosto”. Gênesis 17:18-20. De novo foi feita a promessa, com palavras que não poderiam ser mal-compreendidas: “Na verdade, Sara tua mulher te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque, e com ele estabelecerei o Meu concerto.” ...

O nascimento de Isaque, trazendo a realização de suas mais caras esperanças, após uma espera da duração de uma vida, encheu de alegria as tendas de Abraão e Sara. ...

A instrução proporcionada a Abraão, no tocante à santidade da relação matrimonial, deve ser uma lição para todos os tempos. Declara que os direitos e a felicidade desta relação devem ser cuidadosamente zelados, mesmo com grande sacrifício. Sara era a única esposa legítima de Abraão. Seus direitos como esposa e mãe, nenhuma outra pessoa tinha a prerrogativa de partilhar. Reverenciava seu marido, e nisto é apresentada no Novo Testamento como um digno exemplo. Mas não queria que as afeições de Abraão fossem dadas a outra; e o Senhor não a reprovou por exigir o banimento de sua rival. Tanto Abraão como Sara não confiaram no poder de Deus, e foi este erro que determinou o casamento com Hagar.

Deus havia chamado Abraão para ser o pai dos fiéis, e sua vida devia ser um exemplo de fé para as gerações subseqüentes. Mas sua fé não tinha sido perfeita. Mostrara falta de confiança em Deus, ocultando o fato de que Sara era sua esposa, e novamente com o seu casamento com Hagar. — Patriarcas e Profetas, 125-127, 130, 132, 136, 137, 145-147.

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A herança que Deus prometeu a Seu povo não está neste mundo. Abraão não teve possessão na Terra, “nem ainda o espaço de um pé”. Atos dos Apóstolos 7:5. Ele possuía muitos recursos, e deles fazia uso para a glória de Deus e para o bem de seus semelhantes; mas não olhava para este mundo como sua pátria. O Senhor o chamara para deixar seus patrícios idólatras, com a promessa da terra de Canaã em possessão eterna; todavia nem ele, nem seu filho, nem o filho de seu filho, a recebeu. Quando Abraão quis um lugar para sepultar seus mortos teve de comprá-lo aos cananeus. Sua única possessão na terra da promessa foi aquele túmulo cavado na pedra, na caverna de Macpela. — Patriarcas e Profetas, 169.

[“Tendo Sara vivido cento e vinte e sete anos, morreu em Quiriate-Arba, que é Hebrom, na terra de Canaã; veio Abraão lamentar Sara e chorar por ela.]

[“Levantou-se, depois, Abraão da presença de sua morta e falou aos filhos de Hete: ‘Sou estrangeiro e morador entre vós; dai-me a posse de sepultura convosco, para que eu sepulte a minha morta].’ ...

[“Ouve-nos, senhor: tu és príncipe de Deus entre nós; sepulta numa das nossas melhores sepulturas a tua morta; nenhum de nós te vedará a sua sepultura, para sepultares a tua morta”. Gênesis 23:1-4, 6.]

Rebeca

Este capítulo é baseado em Gênesis 24.

Abraão enviou seu servo Eliézer para escolher esposa para seu filho Isaque. Em resposta à oração de Eliézer, Deus o conduziu àquela que escolhera para ser a esposa de Isaque, Rebeca.

Os cananeus eram idólatras, e o Senhor tinha ordenado a Seu povo que não se casasse com eles, para não serem levados à idolatria. Abraão estava velho, e esperava logo morrer. Isaque ainda estava solteiro. Abraão temia a influência corruptora que rodeava Isaque, e estava desejoso de escolher para ele uma esposa que não o afastasse de Deus. Confiou essa tarefa ao seu fiel e experiente servo, que governava tudo que ele possuía. Abraão exigiu que o servo fizesse um solene juramento perante o Senhor, de que não tomaria esposa para Isaque, dos cananeus, mas que iria até à parentela de Abraão, que cria no verdadeiro Deus, e escolheria uma esposa para Isaque. Ele recomendou que se acautelasse e não levasse Isaque para o país de onde viera, onde quase todos estavam afetados pela idolatria. Se não encontrasse para Isaque uma esposa que estivesse pronta a deixar sua família e vir para onde ele estava, estaria livre do juramento que prestara.

Esse importante assunto não foi deixado com Isaque, para que ele escolhesse

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Ao entrar na cidade onde habitavam os parentes de Abraão, orou fervorosamente para que Deus o guiasse na escolha da esposa para Isaque. Pediu que uma evidência positiva lhe fosse dada para não errar nesse assunto.

Descansou junto a um poço, que era lugar de grande ajuntamento. Aqui particularmente ele notou as maneiras recatadas e a cortês conduta de Rebeca, recebendo toda a evidência que pedira a Deus, de que Rebeca era aquela que Deus houvera por bem escolher para tornar-se a esposa de Isaque. Ela convidou o servo para a casa de seu pai. Ele então relatou ao pai de Rebeca e a seu irmão, a evidência que recebera do Senhor de que Rebeca devia tornar-se a esposa do filho de seu senhor, Isaque.

Disse então o servo de Abraão: “Agora, pois, se vós haveis de mostrar beneficência e verdade a meu senhor, fazei-mo saber; e se não, também mo fazei saber, para que eu olhe à mão direita, ou à esquerda”. Gênesis 24:49. O pai e o irmão responderam: “Do Senhor procedeu este negócio, não podemos falar-te mal ou bem. Eis que, Rebeca está diante da tua face; toma-a, e vai-te; seja a mulher do filho de teu senhor, como tem dito o Senhor. E aconteceu que o servo de Abraão, ouvindo as suas palavras, inclinou-se à terra diante do Senhor”. Gênesis 24:50-52. — História da Redenção, 84, 85.

Depois de obter-se o consentimento da família, a própria Rebeca foi consultada quanto a ir ela a uma tão grande distância da casa de seu pai para casar-se com o filho de Abraão. Ela acreditava, pelo que havia tido lugar, que Deus a escolhera para ser a esposa de Isaque, e disse: “Irei”. Gênesis 24:58.

O servo, prevendo a alegria de seu senhor pelo êxito de sua missão, estava ansioso por partir; e pela manhã puseram-se a caminho para casa. Abraão morava em Berseba, e Isaque, que estivera cuidando dos rebanhos nos territórios circunvizinhos, voltara à tenda de seu pai a fim de esperar a chegada do mensageiro, de Harã. “E Isaque saíra a orar no campo, sobre a tarde; e levantou os seus olhos, e olhou, e eis que os camelos vinham. Rebeca também levantou seus olhos, e viu a Isaque, e lançou-se do camelo. E disse ao servo: Quem é aquele varão que vem pelo campo ao nosso encontro? E o servo disse: Este é meu senhor. Então tomou ela o véu, e cobriu-se. E o servo contou a Isaque todas as coisas que fizera”. Gênesis 24:63-66. ...

Isaque foi altamente honrado por Deus, sendo feito herdeiro das promessas pelas quais o mundo deveria ser bendito; entretanto, aos quarenta anos de idade, sujeitou-se ao ensino de seu pai ao designar um servo experimentado e temente a Deus, a fim de escolher-lhe uma esposa. E o resultado daquele casamento, conforme é apresentado nas Escrituras, é um quadro terno e belo, de felicidade doméstica: “E Isaque trouxe-a para a tenda de sua mãe Sara, e tomou a Rebeca, e foi-lhe por mulher, e amou-a. Assim, Isaque foi consolado depois da morte de sua mãe”. Gênesis 24:67. — Patriarcas e Profetas, 173, 175.

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Joquebede, mãe de Moisés

Este capítulo é baseado em Êxodo 2.

O rei [egípcio] e seus conselheiros tiveram a esperança de subjugar os israelitas com rude trabalho, e assim diminuir seu número e aniquilar-lhes o espírito independente. Fracassando na realização de seu propósito, recorreram a medidas mais cruéis. Foram expedidas ordens às mulheres cujo emprego lhes dava oportunidade para executar o mandado, a fim de destruírem as crianças hebréias do sexo masculino ao nascerem. Satanás foi o instigador disso. Sabia que um libertador deveria levantar-se entre os israelitas; e, levando o rei a destruir seus filhos, esperava frustrar o propósito divino. As mulheres, porém, temiam a Deus, e não ousavam executar o cruel mandado. O Senhor aprovou o procedimento delas, e prosperou-as. O rei, irado pelo fracasso de seu desígnio, tornou a ordem mais insistente e ampla. A nação inteira foi chamada a dar caça e a matar as suas vítimas indefesas. “Então ordenou Faraó a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem lançareis no rio, mas a todas as filhas guardareis com vida”. Êxodo 1:22.

Enquanto esse decreto estava em vigor, um filho foi nascido a Anrão e Joquebede, israelitas devotos da tribo de Levi. A criança era “um menino formoso” (Êxodo 2:2); e os pais, crendo que o tempo da libertação de Israel estava se aproximando, e que Deus levantaria um libertador para Seu povo, resolveram que seu filhinho não fosse sacrificado. A fé em Deus fortalecia o seu coração, “e não temeram o mandamento do rei”. Hebreus 11:23. — Patriarcas e Profetas, 242, 243.

Quando esse cruel decreto estava na sua maior força, nasceu Moisés. Sua mãe o ocultou enquanto podia ter alguma segurança, e então preparou um pequeno cesto de junco, vedando-o com piche, para que nenhuma água entrasse na pequena arca, e colocou-o na água junto à margem enquanto sua irmã ficou ali por perto com aparente indiferença. Vigiava ansiosamente para ver o que aconteceria a seu irmãozinho.

Os anjos também vigiavam, para que nenhum dano ocorresse à indefesa criança, ali colocada por uma amorosa mãe e confiada ao cuidado de Deus por suas ferventes orações entremeadas de lágrimas. E esses anjos guiaram os passos da filha de Faraó para o rio, bem perto de onde fora deixado o pequeno e inocente desconhecido. Sua atenção foi atraída para o pequeno e estranho cesto e ela mandou que uma de suas criadas fosse buscá-lo. Quando removeu a tampa do pequeno cesto singularmente construído, viu um lindo bebê, “e eis que o menino chorava; e moveu-se de compaixão dele”. Êxodo 2:6. Sabia que uma terna mãe hebréia tinha seguido este método peculiar para preservar a vida de seu bem-amado bebê, e decidiu de uma vez que ele seria seu filho. A irmã de Moisés imediatamente veio em sua direção e perguntou: “Irei eu a

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chamar uma ama das hebréias, que crie este menino para ti? E a filha de Faraó disse-lhe: Vai”. V. 7, 8. — História da Redenção, 106, 107.

Joquebede era mulher e escrava. Sua porção na vida era humilde e seus encargos pesados. Mas, com exceção de Maria de Nazaré, por intermédio de nenhuma outra mulher recebeu o mundo maior bênção. Sabendo que seu filho logo deveria sair de sob seus cuidados, para passar aos daqueles que não conheciam a Deus, da maneira mais fervorosa se esforçou ela por unir a sua alma ao Céu. Procurou implantar em seu coração amor e lealdade para com Deus. E fielmente cumpriu esse trabalho. Aqueles princípios da verdade que eram a preocupação do ensino de sua mãe e a lição de sua vida, nenhuma influência posterior poderia induzir Moisés a renunciar. — Educação, 61.

Miriã, irmã de Moisés

Este capítulo é baseado em Números 12.

Miriã cuidou de Moisés quando sua mãe o escondeu próximo dos juncos, no rio. Posteriormente, ela se associou com Moisés e Arão na libertação do povo de Israel do Egito. Ela era talentosa e possuía muitos dons, mas o sentimento de inveja pela posição de Moisés a levou a cometer muito erros.

Em Hazerote, o próximo acampamento depois de saírem de Taberá, uma prova ainda mais amarga esperava Moisés. Arão e Miriã tinham ocupado posição de grande honra e de liderança em Israel. Ambos eram favorecidos com o dom de profecia e, por determinação divina, tinham estado ligados a Moisés no livramento dos hebreus. “E pus diante de ti a Moisés, Arão, e Miriã” (Miquéias 6:4), foram as palavras do Senhor pelo profeta Miquéias.

A força de caráter de Miriã cedo se mostrara, quando criança vigiara ao lado do Nilo a pequena cesta em que estava escondido o bebê Moisés. De seu domínio próprio e tato Deus Se servira como instrumento para preservar o libertador de Seu povo. Dotada dos dons da poesia e música, Miriã dirigira as mulheres de Israel no cântico e na dança, à margem do Mar Vermelho. Na afeição do povo e honras do Céu, estava ela apenas abaixo de Moisés e Arão. Entretanto, o mesmo mal que a princípio trouxera discórdia no Céu, surgiu no coração desta mulher de Israel, e ela não deixou de encontrar quem com ela simpatizasse em seu descontentamento. ...

Deus escolhera a Moisés, e sobre ele pusera o seu Espírito; e Miriã e Arão, pelas suas murmurações, eram culpados de deslealdade, não somente para com o líder que lhes fora designado, mas para com o próprio Deus. Os sediciosos faladores foram convocados ao tabernáculo, e levados perante Moisés. “Então, o Senhor desceu na coluna de nuvem e Se pôs à porta da tenda; depois, chamou a Arão e a Miriã.” Sua pretensão ao dom profético não foi negada; podia ser que Deus lhes tivesse falado

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em visões e sonhos. Mas a Moisés, a quem o Senhor mesmo declarou “fiel em toda a Minha casa”, uma comunhão mais íntima fora concedida. Com ele o Senhor falava boca a boca. “Por que, pois, não tiveste temor de falar contra o Meu servo, contra Moisés? Assim, a ira do Senhor contra eles se acendeu; e foi-Se.”

A nuvem desapareceu do tabernáculo em sinal do desprazer de Deus, e Miriã foi castigada. Ela ficou “leprosa, como a neve”. Números 12:5-10. Arão foi poupado, mas teve severa repreensão no castigo de Miriã. Com o orgulho humilhado até ao pó, Arão confessou seu pecado, e rogou que sua irmã não fosse deixada a perecer por aquele flagelo repugnante e mortal. Em resposta às orações de Moisés, a lepra foi purificada. Miriã foi, contudo, excluída do acampamento durante sete dias. O símbolo do favor divino não repousou de novo sobre o tabernáculo até que ela fosse banida do acampamento. Em atenção à sua elevada posição, pesarosos pelo golpe que sobre ela fora desferido, a multidão toda permaneceu em Hazerote, esperando sua volta.

Essa manifestação do desprazer do Senhor destinava-se a ser um aviso a todo o Israel, para reprimir o crescente espírito de descontentamento e insubordinação. Se a inveja e descontentamento de Miriã não houvessem sido repreendidos de maneira clara, teria resultado um grande mal. A inveja é uma das mais satânicas características que podem existir no coração humano, e uma das mais funestas em seus efeitos. ... Foi a inveja que, a princípio, causou a discórdia no Céu, e a condescendência com ela acarretou males indizíveis entre os homens. “Onde há inveja e espírito faccioso aí há perturbação e toda a obra perversa”. Tiago 3:16. — Patriarcas e Profetas, 382, 384, 385.

De Cades os filhos de Israel voltaram ao deserto; e, terminado o período de sua permanência no deserto “os filhos de Israel, a congregação toda, vieram ao deserto de Zim, no primeiro mês. Ficou o povo em Cades”. Números 20:1.

Ali morreu Miriã e foi sepultada. Daquela cena de júbilo nas praias do Mar Vermelho, quando, com cântico e danças para celebrar a vitória de Jeová, saiu Israel, até à sepultura no deserto, a qual acabou com o peregrinar de toda a sua vida — essa foi a experiência de milhões que com grandes esperanças haviam saído do Egito. O pecado lhes arrebatara dos lábios a taça de bênçãos. — Patriarcas e Profetas, 410.

Zípora, esposa de Moisés

Este capítulo é baseado em Êxodo 2.

Quando Moisés fugiu do Egito e foi para a terra de Midiã, ele encontrou Zípora, a filha de Jetro, e casou com ela.

Cedendo ao espírito de descontentamento, Miriã achou motivos de queixa nos acontecimentos que Deus de maneira especial dirigira.

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O casamento de Moisés lhe fora desagradável. O haver ele escolhido uma mulher de outra nação, em vez de tomar esposa dentre os hebreus, foi uma ofensa à sua família e ao orgulho nacional. Zípora era tratada com mal-disfarçado desprezo.

Embora fosse chamada “mulher cusita” (Números 12:1), a esposa de Moisés era midianita e, assim, descendente de Abraão. Na aparência pessoal ela diferia dos hebreus, tendo a pele de cor um pouco mais escura. Mesmo não sendo israelita, Zípora era adoradora do verdadeiro Deus. Tinha disposição tímida, acanhada, e era gentil, afetuosa, e grandemente sensível à vista do sofrimento. — Patriarcas e Profetas, 383.

Em caminho [para o Egito], quando vinha de Midiã, Moisés recebeu uma advertência assustadora e terrível, a respeito do desagrado do Senhor. Um anjo apareceu-lhe de maneira ameaçadora, como se o fosse imediatamente destruir. Explicação alguma se dera; Moisés, porém, lembrou-se de que havia desatendido um dos mandos de Deus; cedendo à persuasão de sua esposa, negligenciara efetuar o rito da circuncisão em seu filho mais moço. Deixara de satisfazer a condição pela qual seu filho poderia ter direito às bênçãos do concerto de Deus com Israel; e tal negligência por parte do dirigente escolhido de Israel não poderia senão diminuir a força dos preceitos divinos sobre o povo. Zípora, temendo que seu marido fosse morto, efetuou ela mesma o rito, e o anjo então permitiu a Moisés que prosseguisse com a jornada. Em sua missão junto a Faraó, devia Moisés ser colocado em posição de grande perigo; sua vida unicamente podia ser preservada pela proteção dos anjos. Enquanto vivesse, porém, na negligência de um dever conhecido, não estaria livre de perigo; pois não poderia estar protegido pelos anjos de Deus.

No tempo de angústia, precisamente antes da vinda de Cristo, os justos serão preservados pelo ministério de anjos celestiais; não haverá segurança para o transgressor da lei de Deus. Os anjos não poderão proteger, então, aqueles que estão desrespeitando um dos preceitos divinos. — Patriarcas e Profetas, 255, 256.

Raabe

Este capítulo é baseado em Josué 2, 6; Hebreus 11:30, 31.

Raabe era uma prostituta que morava numa casa sobre o muro de Jericó. Ela ocultou dois espias israelitas enviados para verificar as defesas daquela cidade. Por causa de sua bondade para com eles, e sua declaração de crença em Deus, os espias prometeram que a vida de Raabe e seus familiares seria poupada quando ocorresse o ataque a Jericó.

Poucos quilômetros além do rio

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chave de todo o território, e seria um formidável obstáculo ao êxito de Israel. Josué enviou, portanto, dois moços como espias a fim de visitarem essa cidade, e verificarem algo quanto à sua população, seus recursos, e a resistência de suas fortificações. Os habitantes da cidade, aterrorizados e cheios de suspeita, estavam constantemente alerta, e os mensageiros estiveram em grande perigo. Foram, contudo, preservados por Raabe, mulher de Jericó, com perigo de sua própria vida. Como recompensa à sua bondade, deram-lhe a promessa de proteção quando a cidade fosse tomada. — Patriarcas e Profetas, 482, 483.

A cidade de Jericó era dedicada à idolatria mais extravagante. Os habitantes eram muito ricos, mas todas as riquezas que Deus lhes tinha dado consideravam como dádiva de seus deuses. Tinham ouro e prata em abundância; mas, como o povo antes do dilúvio, eram corruptos e blasfemos, e por suas obras más insultavam e provocavam o Deus do Céu. Os juízos de Deus foram suscitados contra Jericó. Ela era uma fortaleza. Mas o próprio Capitão dos exércitos do Senhor veio do Céu para liderar os exércitos celestiais num ataque contra a cidade. Anjos de Deus se apoderaram das muralhas maciças e as derrubaram. Deus tinha dito que a cidade de Jericó seria amaldiçoada e que todos haviam de perecer, exceto Raabe e sua família. Estes deviam ser poupados por causa do favor que Raabe dispensara aos mensageiros do Senhor. — Testimonies for the Church 3:264.

No livramento de Israel, do Egito, espalhou-se amplamente o conhecimento do poder de Deus. Tremeu o povo belicoso da fortaleza de Jericó. “Ouvindo isto”, disse Raabe, “desmaiou o nosso coração, e em ninguém mais há ânimo algum, por causa da vossa presença; porque o Senhor vosso Deus é Deus em cima nos Céus, e embaixo na Terra”. Josué 2:11. — Patriarcas e Profetas, 369.

Todos os habitantes da cidade [de Jericó], com todo o ser vivo que nela se continha, “desde o homem até à mulher, desde o menino até ao velho, e até ao boi e gado miúdo, e ao jumento”, passaram ao fio da espada. Apenas a fiel Raabe, com sua casa, foi poupada, em cumprimento da promessa dos espias. A cidade foi queimada. — Patriarcas e Profetas, 491.

Ver, em Mateus 1:1-16, a genealogia de Jesus, descendente de Raabe.

Débora

Este capítulo é baseado em Juízes 4, 5.

Débora, a profetisa, governou Israel durante o reinado de Jabim, um rei cananeu que foi muito cruel para com os filhos de Israel. A vida nas aldeias era dura. O povo era saqueado e fugia para as cidades fortificadas, em busca de proteção. Então o Senhor suscitou Débora, que era como uma amorosa mãe para Israel. Deus enviou por intermédio dela uma mensagem para que Baraque se preparasse para encontrar Sísera, general de Jabim, na batalha. Baraque recusou-se a ir, a

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menos que Débora fosse com ele. Ela concordou, mas avisou-lhe que, devido à sua falta de fé nas palavras do Senhor, a honra de matar Sísera seria de uma mulher, e não de Baraque.

Havendo novamente se separado de Deus pela idolatria, os israelitas foram severamente oprimidos por esses inimigos. As propriedades e até a vida do povo estavam em constante perigo. Por isso as aldeias e as habitações isoladas foram abandonadas, e o povo reuniu-se nas cidades muradas. As estradas principais não eram usadas, e as pessoas iam de um lugar para outro por caminhos pouco freqüentados. Nos lugares em que se tirava água, muitos eram assaltados e até assassinados, e para aumentar sua aflição, os israelitas estavam indefesos. Entre quarenta mil homens, não se encontrou uma só espada ou lança.

Durante vinte anos, os israelitas sofreram sob o jugo do opressor; então eles se voltaram de sua idolatria, e em humildade e arrependimento clamaram ao Senhor por livramento. E não clamaram em vão. Habitava em Israel uma mulher, famosa por sua religiosidade, e por meio dela o Senhor escolheu livrar o Seu povo. Seu nome era Débora. Era conhecida como profetisa, e na ausência dos costumeiros juízes, o povo se dirigia a ela em busca de conselho e justiça.

O Senhor comunicou a Débora o Seu propósito de destruir os inimigos de Israel, e mandou-a chamar um homem por nome Baraque, da tribo de Naftali, e dar-lhe a conhecer as instruções que recebera. Ela, então, chamou Baraque, e o instruiu a reunir dez mil homens das tribos de Naftali e Zebulom, a fim de guerrear contra o exército do rei Jabim. — E Recebereis Poder, 259.

Baraque sabia que os hebreus estavam dispersos, desalentados e desarmados, e conhecia a força e destreza de seus inimigos. Embora tivesse sido escolhido pelo próprio Deus para libertar a Israel, e recebido a garantia de que Deus estaria com ele e subjugaria os seus inimigos, era tímido e receoso. Ele aceitou a mensagem de Débora como sendo a palavra de Deus, mas tinha pouca confiança em Israel, e temia que eles não obedecessem à sua convocação. E recusou envolver-se nesse empreendimento duvidoso a menos que Débora o acompanhasse e apoiasse seus esforços através de sua influência e conselho. Débora consentiu, mas garantiu-lhe que, devido à sua falta de fé, a vitória obtida não traria honra a ele, pois Sísera seria traído às mãos de uma mulher. ...

Os israelitas se haviam estabelecido num local fortificado nas montanhas, a fim de aguardar uma oportunidade favorável para atacar. Animado pela certeza dada por Débora de que havia chegado o dia de assinalada vitória, Baraque conduziu seu exército pela planície aberta, e ousadamente investiu contra o inimigo. O Senhor dos Exércitos guerreou por Israel, e nem a destreza bélica nem a superioridade de homens e equipamento pôde resistir-lhes. Os exércitos de Sísera foram tomados

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de pânico; aterrorizados, buscavam apenas descobrir como escapar. Numerosos guerreiros foram mortos, e a força do exército invasor foi completamente destruída. Os israelitas agiram com coragem e prontidão; mas só Deus poderia ter desbaratado o inimigo, e a vitória podia ser unicamente atribuída a Ele. — Refletindo a Cristo, 321.

Quando Sísera viu que seu exército fora derrotado, saltou do seu carro e escapou a pé, como um soldado comum. Aproximando-se da tenda de Héber, um dos descendentes de Jetro, o fugitivo foi convidado a encontrar abrigo ali. Na ausência de Héber, Jael, sua esposa, cortesmente ofereceu a Sísera leite para beber e uma oportunidade de repouso, e o exausto general caiu logo no sono.

Jael, a princípio, ignorava a identidade do hóspede, e resolveu ocultá-lo; mas quando soube, depois, que ele era Sísera, o inimigo de Deus e do Seu povo, mudou de propósito. Enquanto ele jazia adormecido diante dela, Jael dominou sua natural relutância diante de um ato como aquele, e o matou, cravando-lhe uma estaca na fonte, prendendo-o à terra. Quando Baraque, em perseguição ao inimigo, passou por aquele caminho, foi convidado por Jael a contemplar o jactancioso capitão morto, a seus pés — morto pela mão de uma mulher.

Débora comemorou a vitória de Israel num cântico muito exaltado e sublime. Ela atribuiu a Deus toda a glória do livramento deles, e mandou que o povo O louvasse por Suas obras maravilhosas. E Recebereis Poder, 259. Ela conclamou os reis e príncipes das nações ao redor para que ouvissem o que Deus realizara em favor de Israel, e ficassem advertidos quanto a não causar-lhe dano. Ela mostrou que a honra e o poder pertencem a Deus, e não a homens ou a seus ídolos. Descreveu as extraordinárias manifestações da majestade e do poder divino exibidas no Sinai. Expôs perante Israel sua indefesa e aflitiva condição, sob a opressão dos inimigos, e relatou com veemente linguagem a história de sua libertação. — The Signs of the Times, 16 de Junho de 1881.

Ana, mãe de Samuel

Este capítulo é baseado em 1 Samuel 1, 2.

Ana, a primeira e mais amada esposa de Elcana, um levita, era estéril e desejava muito ter um filho. Durante as festividades anuais que aconteciam em Siló, ela orava e clamava a Deus por um filho. Eli, o sacerdote, a ouviu e lhe disse: “Vai-te em paz, e o Deus de Israel te conceda a petição que lhe fizeste”. 1 Samuel 1:17.

O pai de Samuel era Elcana, levita, que morava em Ramá, nas montanhas de Efraim. Era uma pessoa rica e influente, marido bondoso e homem que temia e reverenciava a Deus. Ana, esposa de Elcana, era mulher piedosa e devota. A humildade, a integridade e uma firme confiança em Deus eram traços dominantes em seu caráter. De Ana, podia se dizer

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com verdade, nas palavras do Sábio: “O coração do seu marido confia nela”. — The Signs of the Times, 27 de Outubro de 1881.

A bênção tão ansiosamente buscada por todo hebreu era negada a esse bom casal; seu lar não se alegrava com vozes infantis; e o desejo de perpetuar seu nome levou o esposo — assim como já havia levado muitos outros — a contrair um segundo casamento. Mas esse passo, motivado pela falta de fé em Deus, não trouxe felicidade. Filhos e filhas foram acrescentados à casa; mas a alegria e beleza da sagrada instituição de Deus foram mareadas, e interrompera-se a paz da família. Penina, a nova esposa, era ciumenta e dotada de espírito estreito, e conduzia-se com orgulho e insolência. Para Ana, parecia a esperança estar destruída, e ser a vida um fardo pesado; enfrentou, todavia, a prova com resignada mansidão.

Elcana observava fielmente as ordenanças de Deus. O culto em Siló ainda era mantido; mas, por causa de irregularidades no ministério, os serviços dele, Elcana, não eram exigidos no santuário, a que, sendo ele levita, deveria comparecer. Contudo subia com sua família para adorar e sacrificar, nas reuniões aprazadas.

Mesmo entre as solenidades sagradas ligadas ao serviço de Deus, intrometia-se o mau espírito que lhe infelicitara o lar. Depois de apresentarem as ofertas em ações de graças, toda a família, segundo o costume estabelecido, unia-se em uma festa solene, mas alegre. Em tais ocasiões, Elcana dava à mãe de seus filhos uma porção, para ela e para cada um dos filhos e filhas; e em sinal de atenção para com Ana dava-lhe porção dupla, significando que sua afeição por ela era a mesma como se ela tivesse um filho. Então a segunda esposa, ardendo em ciúmes, reclamava a preferência, como sendo ela altamente favorecida por Deus, e escarnecia de Ana em sua condição de mulher destituída de filhos como prova do desagrado do Senhor.

Isso se repetia de ano em ano, até que Ana não mais o pôde suportar. Incapaz de ocultar sua mágoa, chorou sem constrangimento, e retirou-se da festa. Seu marido em vão a procurou consolar. “Por que choras? e por que não comes? e por que está mal o teu coração?” disse ele; “não te sou eu melhor do que dez filhos?”

Ana não proferiu censura alguma. O fardo que ela não podia repartir com amigo algum terrestre, lançou-o sobre Deus. Ansiosamente rogou que lhe tirasse a ignomínia, e lhe concedesse o precioso dom de um filho para o criar e educar para Ele. E fez um voto solene de que, se seu pedido fosse satisfeito, dedicaria o filho a Deus, mesmo desde o seu nascimento. Ana tinha-se aproximado da entrada do tabernáculo e, na angústia de seu espírito, “orou, e chorou abundantemente”. Contudo, entretinha em silêncio comunhão com Deus, não proferindo nenhuma palavra. Naqueles tempos ruins, tais cenas de adoração eram raramente testemunhadas.

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Festins irreverentes, e mesmo embriaguez, eram coisas comuns, mesmo nas festas religiosas; e Eli, o sumo sacerdote, observando Ana, supôs que estivesse dominada pelo vinho. Julgando administrar uma repreensão merecida, disse com severidade: “Até quando estarás tu embriagada? Aparta de ti o teu vinho.”

Condoída e surpresa, Ana respondeu brandamente: “Não, senhor meu, eu sou uma mulher atribulada de espírito; nem vinho nem bebida forte tenho bebido, porém tenho derramado a minha alma perante o Senhor. Não tenhas, pois, a tua serva por filha de Belial; porque da multidão dos meus cuidados e do meu desgosto tenho falado até agora.”

O sumo sacerdote ficou profundamente comovido, pois era homem de Deus; e em lugar de repreensão proferiu uma bênção: “Vai em paz; e o Deus de Israel te conceda a tua petição que Lhe pediste.”

A oração de Ana foi atendida; recebeu a dádiva que tão fervorosamente havia rogado. Olhando para o filho, chamou-o Samuel — “pedido a Deus”. 1 Samuel 1:8, 10, 14-16, 20. — Patriarcas e Profetas, 569, 570.

Durante os primeiros três anos de vida do profeta Samuel, sua mãe lhe ensinou cuidadosamente a distinguir entre o bem e o mal. Por meio de todo objeto familiar de que estava rodeado, ela procurou levar-lhe os pensamentos para o Criador. Cumprindo o voto de dar o filho ao Senhor, com grande abnegação ela o colocou sob o cuidado de Eli, o sumo sacerdote, para ser educado para o serviço da casa de Deus. Orientação da Criança, 197. Se bem que a juventude de Samuel fosse passada no tabernáculo, dedicada ao culto de Deus, não se achava ele livre de influências más ou exemplos pecaminosos. Os filhos de Eli não temiam a Deus, nem honravam a seu pai; mas Samuel não procurava sua companhia nem seguia seus maus caminhos. Patriarcas e Profetas, 573. Seu preparo precoce levou-o a escolher manter sua integridade cristã. Que recompensa a de Ana! E que incentivo para a fidelidade o seu exemplo! — Orientação da Criança, 197.

De Siló, Ana voltou silenciosamente para o seu lar em Ramá, deixando o menino Samuel para ser educado para o serviço da casa de Deus, sob a instrução do sumo sacerdote. Desde o primeiro despontar da inteligência do filho ela lhe ensinara a amar e reverenciar a Deus, e a considerar-se como sendo do Senhor. Por meio de todas as coisas conhecidas que o cercavam, procurou ela elevar seus pensamentos ao Criador. Depois de separada de seu filho, a solicitude da fiel mãe não cessou. Cada dia ele era objeto de suas orações. Cada ano ela lhe fazia, com suas próprias mãos, uma túnica para o serviço; e, subindo com o esposo para adorar em Siló, dava ao menino esta lembrança de seu amor. Cada fibra da pequena veste era tecida com uma oração para que ele fosse puro, nobre e verdadeiro. Não pedia para o filho grandezas mundanas, mas rogava fervorosamente que ele pudesse alcançar aquela grandeza a que o Céu dá valor — que honrasse a Deus e abençoasse a seus semelhantes. — Patriarcas e Profetas, 572.

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Abigail

Este capítulo é baseado em 1 Samuel 25.

Abigail era a bela, bondosa e inteligente esposa de Nabal, um homem mesquinho e violento. Por sua sábia conduta, foi capaz de evitar muito derramamento de sangue, quando seu esposo tratou Davi e seus homens com desprezo.

Quando Davi fugiu da face de Saul, acampou-se perto das propriedades de Nabal e protegeu os rebanhos e pastores desse homem. ... Numa ocasião de necessidade, Davi enviou mensageiros a Nabal com uma mensagem cortês, pedindo alimento para si e seus homens, e Nabal respondeu com insolência, pagando o bem com o mal, e recusando-se a partilhar sua fartura com o próximo. Nenhuma mensagem poderia ter sido mais respeitosa do que aquela que Davi mandou a esse homem, mas Nabal acusou falsamente Davi e seus homens, a fim de justificar o próprio egoísmo, descrevendo a Davi e seu grupo como escravos fugitivos. Quando o mensageiro retornou com esse insolente escárnio, despertou-se a indignação de Davi, e ele decidiu vingar-se prontamente. — Manuscript Releases 21:213.

Um dos servos de Nabal foi apressadamente a Abigail, esposa de Nabal, depois que este despedira os moços de Davi, e contou-lhe o que tinha acontecido. “Eis que Davi enviou mensageiros”, disse ele, “desde o deserto a saudar o nosso amo, porém ele se lançou a eles. Todavia, aqueles homens têm-nos sido muito bons, e nunca fomos agravados deles, e nada nos faltou em todos os dias que conversamos com eles quando estávamos no campo. De muro em redor de nós nos serviram, assim de dia como de noite, todos os dias que andamos com eles apascentando as ovelhas. Olha pois, agora, e vê o que hás de fazer, porque já de todo determinado está o mal contra o nosso amo e contra toda a sua casa”. 1 Samuel 25:14-17.

Sem consultar o esposo, ou contar-lhe sua intenção, Abigail fez um amplo suprimento de provisões, que, posto sobre jumentos, enviou adiante sob o cuidado de servos, e ela partiu para encontrar-se com o grupo de Davi. Encontrou-os no encoberto de um monte. “Vendo, pois, Abigail a Davi, apressou-se, e desceu do jumento, e prostrou-se sobre o seu rosto diante de Davi, e se inclinou à terra. E lançou-se a seus pés, e disse: Ah, senhor meu, minha seja a transgressão; deixa, pois, falar a tua serva aos teus ouvidos”. 1 Samuel 25:23, 24. Abigail dirigiu-se a Davi com tanta reverência como se falasse a um rei coroado. Nabal tinha escarnecedoramente exclamado: “Quem é Davi?” (1 Samuel 25:10), mas Abigail chamara-o “senhor meu.” Com amáveis palavras ela procurou abrandar-lhe os sentimentos irritados, e pleiteou com ele em favor de seu esposo. Nada tendo de ostentação ou orgulho, antes cheia da sabedoria e

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amor de Deus, Abigail revelou a força de sua devoção para com sua casa, e esclareceu a Davi que o procedimento indelicado de seu marido de nenhuma maneira fora premeditado contra ele como uma afronta pessoal, mas que simplesmente tinha sido a explosão de uma natureza infeliz e egoísta.

“Agora, pois, meu senhor, vive o Senhor, e vive a tua alma, que o Senhor te impediu de vires com sangue, e de que a tua mão te salvasse; e, agora, tais quais Nabal sejam os teus inimigos e os que procuram mal contra o meu senhor.” Abigail não tomou para si o crédito deste raciocínio a fim de demover a Davi de seu precipitado propósito, mas deu a Deus a honra e o louvor. Ofereceu então sua rica provisão como oferta pacífica aos homens de Davi, e ainda pleiteou como se ela mesma fora quem tivesse provocado o ressentimento do líder. — Patriarcas e Profetas, 665, 666.

Embora houvesse Nabal rejeitado a necessária companhia de Davi e seus homens, naquela mesma noite fez uma festa extravagante para si e seus turbulentos amigos, e condescendeu com comida e bebida, até mergulhar na embriaguez. No dia seguinte, depois de se haverem dissipado um tanto os efeitos de seu ébrio deboche, sua esposa lhe contou como ele estivera perto da morte, e como a calamidade fora revertida. Enquanto ouvia, ele entendeu em que teria resultado o curso do mal, não fosse a prudência de Abigail, e o terror lhe encheu o coração. Paralisado de horror, sentou-se e não mais se recuperou do choque.

A partir dessa história, podemos ver que há circunstâncias sob as quais é apropriado que uma mulher atue pronta e independentemente, agindo com decisão por um caminho que ela sabe ser o caminho do Senhor. A esposa deve colocar-se ao lado do marido como sua igual, compartilhando todas as responsabilidades da vida, prestando o devido respeito àquele que a escolheu como companheira ao longo da vida. — Manuscript Releases 21:214, 215.

O Senhor espera que a esposa respeite o marido, mas sempre como convém no Senhor. No caráter de Abigail, a esposa de Nabal, temos uma ilustração da feminilidade segundo a ordem de Cristo, enquanto seu esposo ilustra o que pode tornar-se um homem que se rende ao controle de Satanás. — Manuscript Releases 21:213.

Hulda, a profetisa

Este capítulo é baseado em 2 Reis 22.

Desde pequeno, Josias havia se empenhado em tirar partido de sua posição como rei para exaltar os princípios da santa lei de Deus. E agora, enquanto o escriba Safã lia para ele no livro da lei, o rei discerniu neste volume um tesouro de conhecimento, um poderoso aliado na obra de reforma que tanto desejava ver executada na terra. Resolveu andar na luz dos seus conselhos, e também fazer tudo que estivesse em seu poder para

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familiarizar seu povo com seus ensinos, e levá-los, se possível, a cultivar reverência e amor pela lei do Céu.

Seria, porém, possível realizar a necessária reforma? Israel havia alcançado, quase, os limites da divina paciência; logo Deus Se levantaria para punir os que haviam desonrado Seu nome. Já a ira do Senhor estava inflamada contra o povo. Oprimido pela tristeza e desânimo, Josias rasgou seus vestidos, e se prostrou perante Deus em agonia de espírito, suplicando perdão para os pecados de uma nação impenitente.

Por esse tempo, vivia em Jerusalém, próximo do templo, a profetisa Hulda. O espírito do rei, carregado de ansiosos pressentimentos, voltou-se para ela, e ele se determinou interrogar o Senhor por intermédio dessa mensageira escolhida, para saber, se possível, se por qualquer meio ao seu alcance poderia ele salvar o extraviado Judá, agora tão perto da ruína.

A gravidade da situação, e o respeito em que ele tinha pela profetisa, levaram-no a escolher como mensageiros a ela, homens dentre os primeiros do reino. “Ide”, lhes ordenara ele, “consultai ao Senhor por mim e pelos que restam em Israel e em Judá, sobre as palavras deste livro que se achou; porque grande é o furor do Senhor, que se derramou sobre nós, porquanto nossos pais não guardaram a palavra do Senhor, para fazerem conforme a tudo quanto está escrito neste livro”. 2 Reis 22:13.

Por intermédio de Hulda o Senhor enviou a Josias a declaração de que a ruína de Jerusalém não seria evitada. Mesmo que o povo agora se humilhasse perante Deus, eles não escapariam à punição. Por tanto tempo os seus sentidos haviam sido insensibilizados pela prática do mal que se não viessem juízos sobre eles, logo retornariam às mesmas práticas pecaminosas. “Dizei ao homem que vos enviou a mim”, declarou a profetisa: “Assim diz o Senhor: Eis que trarei mal sobre este lugar, e sobre os seus habitantes, a saber: Todas as maldições que estão escritas no livro que se leu perante o rei de Judá. Porque Me deixaram, e queimaram incenso perante outros deuses, para Me provocarem à ira com toda a obra das suas mãos; portanto o Meu furor se derramou sobre este lugar, e não se apagará”. V. 15-17.

Mas, visto que o rei havia humilhado o coração perante Deus, o Senhor reconheceria a sua pronta disposição de buscar perdão e misericórdia. A ele foi enviada a mensagem: “Porquanto o teu coração se enterneceu, e te humilhaste perante o Senhor, quando ouviste o que falei contra este lugar, e contra os seus moradores, que seriam para assolação e para maldição, e rasgaste os teus vestidos, e choraste perante Mim, também Eu te ouvi, diz o Senhor. Pelo que eis que Eu te ajuntarei a teus pais, e tu serás ajuntado em paz à tua sepultura, e os teus olhos não verão o mal que hei de trazer sobre este lugar”. V. 19, 20. — Profetas e Reis, 398-400.

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Ester

Este capítulo é baseado em Ester.

Ester era uma bela moça judia, prima de Mordecai, que a levou para a sua casa depois que os pais dela morreram, e a amou como se fosse filha. Deus a usou para salvar o povo judeu na terra da Pérsia.

Nos antigos tempos o Senhor operou de maneira maravilhosa através de mulheres consagradas que se uniram em Sua obra com homens que Ele escolhera para serem Seus representantes. Ele usou mulheres para alcançarem grandes e decisivas vitórias. Mais de uma vez em tempos de emergência Ele as levou na vanguarda e operou por meio delas para a salvação de muitas vidas. Beneficência Social, 158. Numa ocasião em que parecia que nenhum poder poderia salvá-los, Ester e as mulheres associadas a ela, por meio de jejum, oração e ação imediata, enfrentaram a questão, trazendo salvação a seu povo.

O estudo do trabalho das mulheres em conexão com a Causa de Deus, nos tempos do Antigo Testamento, nos ensinará lições que nos habilitem a enfrentar emergências na obra hoje em dia. Talvez não sejamos levados a uma situação tão crítica e saliente como o povo de Deus no tempo de Ester; muitas vezes, porém, mulheres convertidas podem desempenhar uma parte importante em posições mais humildes. Isto, muitas têm feito, e ainda estão dispostas a fazer. — E Recebereis Poder, 270.

A grande maioria dos israelitas tinha escolhido permanecer na terra do seu exílio [Medo-Pérsia], antes que enfrentar as durezas da jornada de retorno e o restabelecimento de suas desoladas cidades e lares. ...

Por intermédio de Hamã, o agagita, um homem inescrupuloso colocado em elevada autoridade na Medo-Pérsia, Satanás operou nessa ocasião para contrapor-se aos propósitos de Deus. Hamã acalentava amargo ódio a Mordecai, um judeu. Mordecai não havia feito a Hamã nenhum mal, mas simplesmente havia recusado mostrar-lhe reverência que traduzia culto. ...

Mal orientado por falsas acusações de Hamã, Xerxes foi induzido a baixar um decreto determinando o massacre de todo povo judeu “espalhado e dividido entre os povos em todas as províncias” (Ester 3:8) do reino da Medo-Pérsia. ...

Mas a trama do inimigo foi derrotada por um Poder que reina entre os filhos dos homens. Na providência de Deus, Ester, judia que temia ao Altíssimo, tinha sido escolhida como rainha do reino da Medo-Pérsia. Mordecai era um seu parente chegado. Na sua situação extrema, eles decidiram apelar a Xerxes em favor do seu povo. Ester devia aventurar-se a ir a sua presença como intercessora. “Quem sabe”, dizia Mordecai, “se para tal tempo como este chegaste a este reino?” Ester 4:14.

A crise que Ester enfrentava demandava ação fervorosa e imediata; mas tanto ela como Mordecai sentiam que a menos que Deus operasse

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poderosamente em seu favor, seus próprios esforços seriam vãos. Assim Ester tomou tempo para comunhão com Deus, a fonte de sua força. “Vai”, mandou ela dizer a Mordecai, “ajunta todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais nem bebais por três dias, nem de dia nem de noite, e eu e as minhas moças também assim jejuaremos; e assim irei ter com o rei, ainda que não é segundo a lei; e, perecendo, pereço”. Ester 4:16. — Profetas e Reis, 598, 600, 601.

Os acontecimentos que se seguiram em rápida sucessão — a apresentação de Ester perante o rei, o assinalado favor a ela mostrado, os banquetes do rei e da rainha com Hamã como o único comensal, o sono perturbado do rei, a honra pública mostrada a Mordecai, e a humilhação e queda de Hamã após a descoberta de sua ímpia trama — tudo pertence a uma história familiar. Deus operou maravilhosamente por Seu penitente povo; e um decreto em contrapartida baixado pelo rei, permitindo-lhes lutar por sua vida, foi rapidamente comunicado a toda parte do reino por correios a cavalo, que “apressuradamente saíram, impelidos pela palavra do rei”. E “em toda a província, e em toda a cidade, aonde chegava a palavra do rei e a sua ordem, havia entre os judeus alegria e gozo, banquetes e dias de folguedo; e muitos, entre os povos da terra, se fizeram judeus, porque o temor dos judeus tinha caído sobre eles”. Ester 8:14, 16. — Profetas e Reis, 602.

Disponível também pela CPB