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Educação
Livros 18
Autor: Ellen White
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Os links abaixo estão disponiveis com permissão do Ellen G. White Estate em Silver Spring, Maryland, EUA.

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"A caridade... não se porta com indecência." I Cor. 13:4 e 5.

O valor da cortesia é muito pouco apreciado. Muitos que são bondosos de coração não têm amabilidade nas maneiras. Muitos que se impõem ao respeito por sua sinceridade e correção, são lamentavelmente deficientes em simpatia. Esta falta prejudica sua própria felicidade, e afasta de seu serviço a outros. Muitas das mais agradáveis e valiosas experiências da vida são freqüentes vezes, por mera falta de lembrança, sacrificadas pelos descorteses.

O bom humor e a cortesia devem especialmente ser cultivados pelos pais e professores. Todos podem possuir fisionomia radiante, voz mansa, maneiras corteses, que são elementos de poder. As crianças são atraídas por uma atitude prazenteira e radiante. Mostrem-lhes bondade e cortesia, e manifestarão o mesmo espírito para com vocês, e umas para com as outras.

A verdadeira cortesia não se aprende pela mera prática das regras da etiqueta. Deve em todo o tempo ser observado o devido comportamento. Sempre que não se ache envolvida uma questão de princípios, a consideração para com os outros nos levará à conformidade com os costumes aceitos; entretanto, a verdadeira cortesia não exige o sacrifício do princípio aos usos convencionais. Ela desconhece as classes sociais. Ensina o respeito de si mesmo, respeito à dignidade do homem como homem, consideração por todo membro da grande fraternidade humana.

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Há o perigo de se dar demasiado valor às simples maneiras ou formas, e dedicar tempo excessivo à educação neste particular. A vida de acérrimos esforços exigida de cada jovem, o trabalho árduo e muitas vezes desmedido que os deveres comuns da vida reclamam e, muito mais, o que é necessário para se suavizar o pesado fardo de ignorância e miséria que há no mundo - tudo isto deixa pouco lugar para formalidades.

Muitos que dão grande valor à etiqueta, mostram pouco respeito a tudo que, apesar de excelente, deixe de corresponder à sua norma artificial. Isto significa educação falsa. Alimenta um orgulho crítico e um exclusivismo tacanho.

A essência da verdadeira polidez é a consideração para com os outros. A educação essencial e duradoura é a que alarga a simpatia, favorece a afabilidade universal. Aquela pretensa cultura que não torna o jovem atencioso para com seus pais, fazendo-o apreciador de suas boas qualidades, indulgente para com seus defeitos, e útil às suas necessidades, e que o não torna ponderado e escrupuloso, generoso e útil aos jovens, idosos e infelizes, e também cortês para com todos - é um fracasso.

O verdadeiro requinte nos pensamentos e maneiras aprende-se melhor na escola do divino Mestre do que por qualquer observância de regras estabelecidas. Seu amor, penetrando no coração, dá ao caráter aquele contato purificador que o modela à semelhança do Seu. Esta educação comunica uma dignidade inspirada pelo Céu e um senso das verdadeiras conveniências. Proporciona uma doçura de índole e gentileza de maneiras que nunca poderão ser igualadas pelo verniz superficial dos costumes da sociedade.

A Bíblia recomenda a cortesia, e apresenta muitas ilustrações do espírito abnegado, das graças gentis,

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do temperamento cativante, que caracteriza a verdadeira polidez. Tais não são senão reflexos do caráter de Cristo. Toda ternura e cortesia verdadeiras no mundo mesmo entre os que não reconhecem o Seu nome, dEle procedem. E Ele deseja que estas características se reflitam perfeitamente nos Seus filhos. É Seu propósito que em nós os homens contemplem Sua beleza.

O tratado mais valioso sobre civilidade que já foi escrito é a preciosa instrução ministrada pelo Salvador, pela voz do Espírito Santo, mediante o apóstolo Paulo, palavras essas que deveriam ser indelevelmente escritas na memória de todo ser humano, jovem ou adulto:

"Como Eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis." João 13:34.

"O amor é paciente, é benigno;

O amor não arde em ciúmes,

Não se ufana,

Não se ensoberbece,

Não se conduz inconvenientemente,

Não procura os seus interesses,

Não se exaspera,

Não se ressente do mal;

Não se alegra com a injustiça,

Mas regozija-se com a verdade;

Tudo sofre,

Tudo crê,

Tudo espera,

Tudo suporta.

O amor jamais acaba." I Cor. 13:4-8.

Outra preciosa graça que cuidadosamente se deve cultivar é a reverência. A verdadeira reverência para com Deus é inspirada por uma intuição de Sua infinita grandeza e consciência de Sua presença. Com esta percepção do Invisível deve ser profundamente impressionado o coração de toda criança. Deve-se ensiná-la a

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considerar como sagrados a hora e o lugar das orações e cerimônias do culto público, porque Deus está ali. E ao manifestar-se reverência na atitude e no porte, aprofundar-se-á o sentimento que a inspira.

Bom seria aos jovens e adultos estudar e ponderar, e muitas vezes repetir aquelas palavras das Santas Escrituras que mostram como o lugar assinalado pela presença especial de Deus deve ser considerado.

"Tira os teus sapatos de teus pés", mandou Ele a Moisés na sarça ardente; "porque o lugar em que tu estás é terra santa." Êxo. 3:5.

Jacó, depois de contemplar a visão dos anjos, exclamou: "Na verdade o Senhor está neste lugar, e eu não o sabia. ... Este não é outro lugar senão a Casa de Deus; e esta é a porta dos Céus." Gên. 28:16 e 17.

"O Senhor está no Seu santo templo; cale-se diante dEle toda a terra." Hab. 2:20.

"O Senhor é Deus grande

E Rei grande acima de todos os deuses.

Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos!

Ajoelhemos diante do Senhor que nos criou." Sal. 95:3 e 6.

"Foi Ele, e não nós, que nos fez

Povo Seu e ovelhas do Seu pasto.

Entrai pelas portas dEle com louvor

E em Seus átrios, com hinos;

Louvai-O e bendizei o Seu nome." Sal. 100:3 e 4.

Deve também mostrar-se reverência pelo nome de Deus. Jamais deve esse nome ser proferido levianamente, precipitadamente. Mesmo na oração, deve ser evitada sua repetição freqüente e desnecessária. "Santo e tremendo é o Seu nome." Sal. 111:9. Os anjos, quando pronunciam este nome, cobrem o rosto. Com que reverência devemos nós, que somos decaídos e pecadores, tomá-lo nos lábios!

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Devemos reverenciar a Palavra de Deus. Devemos mostrar respeito para com o volume impresso, nunca fazendo dele usos comuns, ou manuseando-o descuidadamente. Jamais devem as Escrituras ser citadas em uma pilhéria, ou referidas para reforçar um dito espirituoso. "Toda Palavra de Deus é pura" (Prov. 30:5), "como prata refinada em forno de barro e purificada sete vezes". Sal. 12:6.

Acima de tudo, ensine-se às crianças que a verdadeira reverência se mostra pela obediência. Deus nada ordenou que não seja essencial; e não há outro modo de se Lhe manifestar reverência tão agradável como a obediência ao que Ele disse.

Deve-se mostrar respeito para com os representantes de Deus - pastores, professores, pais, os quais são chamados para falarem e agirem em Seu lugar. No respeito que lhes é manifestado, Ele é honrado.

Deus ordenou, especialmente, afetuoso respeito para com os idosos. Diz Ele: "Coroa de honra são as cãs, achando-se elas no caminho da justiça." Prov. 16:31. Elas falam de batalhas feridas, vitórias ganhas, encargos suportados e tentações vencidas. Falam de pés fatigados próximos de seu descanso, de lugares que logo se vagarão. Ajudem às crianças a pensar nisto, e elas por meio de sua cortesia e respeito suavizarão o caminho dos que são idosos, e trarão graça e beleza a sua própria vida juvenil ao atenderem a ordem: "Diante das cãs te levantarás, e honrarás a face do velho." Lev. 19:32.

Pais, mães e professores necessitam avaliar mais a responsabilidade e honra que Deus pôs sobre eles, ao fazer deles Seus representantes perante as crianças. O caráter revelado no contato da vida diária interpretará

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para a criança, para o bem ou para o mal, estas palavras de Deus:

"Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor Se compadece daqueles que O temem." Sal. 103:13. "Como a alguém que sua mãe consola, assim Eu vos consolarei." Isa. 66:13.

Feliz a criança em quem palavras como estas despertam amor, gratidão e confiança; para quem a ternura, justiça e longanimidade do pai, da mãe e do professor interpretam o amor, a justiça e a longanimidade de Deus; criança que, pela confiança, submissão e reverência em relação a seus protetores terrestres, aprende a confiar em seu Deus, e obedecer-Lhe e reverenciá-Lo. Aquele que transmite ao filho ou discípulo um dom de tal natureza, dotou-o de um tesouro mais precioso do que a riqueza de todos os séculos - tesouro tão duradouro como a eternidade.

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