avatar
Educação
Livros 53
Autor: Ellen White
Compartilhar InstalarEnglish
Os links abaixo estão disponiveis com permissão do Ellen G. White Estate em Silver Spring, Maryland, EUA.

Ler Audio pdf epub mobi EWG CPB

Pág. 113

"Quem é sábio observe estas coisas e considere atentamente as benignidades do Senhor." Sal. 107:43.

O poder restaurador de Deus encontra-se por toda a Natureza. Se uma árvore é cortada, se um ser humano se fere ou fratura um osso, imediatamente a Natureza começa a reparar o dano. Mesmo antes que exista a necessidade, os agentes de cura se encontram de prontidão; e logo que uma parte se acha ferida, toda a energia se aplica ao trabalho da restauração. Assim é no domínio das coisas espirituais. Antes que o pecado criasse a necessidade, Deus providenciara o remédio. Cada pessoa que cede à tentação, torna-se ferida, magoada pelo adversário; mas onde quer que haja pecado, há um Salvador. É a obra de Cristo "curar os quebrantados do coração, ... apregoar liberdade aos cativos, ... pôr em liberdade os oprimidos". Luc. 4:18 e 19.

Devemos cooperar nesta obra. "Se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, ... encaminhai o tal." Gál. 6:1. A palavra aqui traduzida "encaminhar" significa colocar no lugar, como se faz com um osso deslocado. Quão sugestiva é esta figura! Aquele que cai em erro ou pecado, coloca-se fora do lugar em relação a tudo que o cerca. Pode compenetrar-se de seu erro, e encher-se de remorso; mas não pode restabelecer-se a si mesmo. Está em confusão e perplexidade, vencido e desamparado. Deverá ser reclamado, curado e restabelecido. "Vós, que sois

Pág. 114

espirituais, encaminhai o tal." Gál. 6:1. Unicamente o amor que origina-se no coração de Cristo, pode curar. Unicamente Aquele, em quem flui esse amor, assim como faz a seiva na árvore e o sangue no corpo, poderá restaurar o coração ferido.

O poder do amor possui força maravilhosa, porquanto é divino. "A resposta branda desvia o furor" (Prov. 15:1), "o amor é paciente, é benigno" (I Cor. 13:4); "o amor cobre multidão de pecados" (I Ped. 4:8) - sim, se aprendêssemos nessas lições, quão grande não seria o poder para curar de que seríamos dotados! Como se transformaria a vida, e a Terra se tornaria a própria semelhança e antegozo do Céu!

Essas preciosas lições podem ser tão singelamente ensinadas que sejam compreendidas mesmo pelas criancinhas. O coração da criança é terno e facilmente impressionável; e, se nós, os que somos mais idosos nos tornamos "como crianças" (Mat. 18:3), e se aprendemos a simplicidade, mansidão e o terno amor do Salvador, não encontramos dificuldades em tocar o coração dos pequenos, e ensinar-lhes o restaurador ministério do amor.

A perfeição existe tanto nas menores como nas maiores obras de Deus. A mão que sustém os mundos no espaço, é a que modela as flores do campo. Examinai ao microscópio as menores e mais comuns das flores que ficam ao lado do caminho, e notai em todas as suas partes delicada beleza e perfeição. Da mesma maneira a verdadeira excelência pode ser encontrada na menor atividade. As tarefas mais comuns, exercidas com amorosa fidelidade, são belas à vista de Deus. Uma atenção conscienciosa para com as pequenas coisas fará de nós coobreiros Seus e conquistar-nos-á a aprovação dAquele que tudo vê e sabe.

Pág. 115

O arco-íris, estendendo pelo céu a sua luz, é um sinal do "concerto eterno entre Deus e toda alma vivente". Gên. 9:16. E o arco-íris, em redor do trono nos Céus, é também para os filhos de Deus um sinal de Seu concerto de paz.

Assim como o arco nas nuvens resulta da união da luz solar e da chuva, o arco acima do trono de Deus representa a união de Sua misericórdia e justiça. Deus diz ao pecador, mas arrependido: Vive; "já achei resgate". Jó 33:24.

"Jurei que as águas de Noé não inundariam mais a Terra; assim jurei que não Me irarei mais contra ti, nem te repreenderei. Porque as montanhas se desviarão e os outeiros tremerão; mas a Minha benignidade não se desviará de ti, e o concerto da Minha paz não mudará, diz o Senhor, que Se compadece de ti." Isa. 54:9 e 10.

A Mensagem das Estrelas

As estrelas também têm uma mensagem de bom ânimo para cada ser humano. Naquelas horas que sobrevêm a todos, nas quais desfalece o coração, e a tentação nos oprime rudemente; nas quais os obstáculos parecem insuperáveis, impossíveis de realização os objetivos da vida, e suas lisonjeiras promessas semelhantes às maçãs de Sodoma, onde, então, se poderá encontrar ânimo e firmeza como naquela lição que Deus nos ordena aprender das estrelas em seu curso imperturbável?

"Levantai ao alto os vossos olhos e vede quem criou estas coisas, quem produz por conta o seu exército, quem a todas chama pelo seu nome; por causa da grandeza das Suas forças e pela fortaleza do Seu poder, nenhuma faltará. Por que, pois, dizes, ó Jacó, e tu falas, ó Israel: O meu caminho está encoberto ao Senhor, e o

Pág. 116

meu juízo passa de largo pelo meu Deus? Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da Terra, nem Se cansa, nem Se fatiga? Não há esquadrinhação do Seu entendimento. Dá vigor ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor." Isa. 40:26-29. "Não temas, porque Eu sou contigo; não te assombres, porque Eu sou o teu Deus; Eu te esforço, e te ajudo, e te sustento com a destra da Minha justiça. ... Eu, o Senhor, teu Deus, te tomo pela tua mão direita e te digo: Não temas, que Eu te ajudo." Isa. 41:10 e 13.

A palmeira, batida pelo sol causticante e pela terrível tempestade de areia, permanece verde, florescente e frutífera no meio do deserto. Suas raízes são alimentadas por fontes vivas. Sua verde coroa é avistada ao longe sobre a planície ressequida e desolada; e o viajante, pronto a morrer, força os passos vacilantes para a sombra fresca e a vivificante água.

A árvore do deserto é um símbolo daquilo que é intento de Deus seja neste mundo a vida de Seus filhos. Devem guiar às fontes vivas as pessoas sedentas, cheias de inquietação e prontas a perecer no deserto do pecado. Devem mostrar a seus semelhantes Aquele que faz o convite: "Se alguém tem sede, que venha a Mim e beba." João 7:37.

O vasto e profundo rio, que oferece caminho ao tráfego e viagens dos povos, é tido na conta de um benefício ao mundo inteiro; mas que dizer dos riachinhos que auxiliam a formar aquele nobre rio? Se não fossem eles, o rio desapareceria. A sua própria existência depende deles. Semelhantemente, homens há que, chamados a dirigir alguma grande obra, são honrados

Pág. 117

como se o êxito fosse devido a eles, tão-somente; mas esse êxito exigiu a fiel cooperação de quase inumeráveis obreiros mais humildes, obreiros de quem o mundo nada conhece. Trabalhos que não recebem louvores ou reconhecimento de outrem, são a sorte que toca à maior parte dos que incansavelmente trabalham no mundo. E muitos se enchem de descontentamento com tal sorte. Têm a impressão de que sua vida não é aproveitada. Mas o riachinho que segue silenciosamente através de bosques e prados, levando saúde, fertilidade e beleza, é tão útil em sua marcha como o grande rio. Contribuindo para a vida do rio, auxilia-o a conseguir aquilo que, só, jamais poderia ter conseguido.

Desta lição muitos necessitam. O talento é por demais idolatrado, e cobiçadas excessivamente as posições. Muitos há que nada fazem a menos que sejam reconhecidos como dirigentes; muitos são os que, não recebendo louvores, não têm interesse no trabalho. O que precisamos aprender é fidelidade em fazer o maior uso das faculdades e oportunidades que temos, e ter contentamento na parte que o Céu nos designou.

Lições de Confiança

"Pergunta agora às alimárias, e cada uma delas to ensinará; e às aves dos céus, e elas to farão saber; ... até os peixes do mar to contarão." Jó 12:7 e 8. "Vai ter com a formiga; ... olha para os seus caminhos." Prov. 6:6. "Olhai para as aves." Mat. 6:26. "Considerai os corvos." Luc. 12:24.

Não devemos meramente falar às crianças a respeito dessas criaturas de Deus. Os próprios animais devem ser seus professores. As formigas nos ensinam lições de paciente operosidade, perseverança em superar obstáculos, providência para o futuro. E os pássaros são ensinadores da suave lição da confiança. Nosso Pai

Pág. 118

celestial lhes provê alimento; mas devem eles recolhê-lo, construir o ninho e criar a prole. A cada instante se acham expostos a inimigos que procuram destruí-los. Entretanto, quão corajosamente prosseguem com seu trabalho! Quão repletos de alegria são os seus pequenos hinos!

Quão bela é a descrição que o salmista faz do cuidado de Deus pelas criaturas dos bosques:

"Os altos montes são um refúgio para as cabras monteses,

E as rochas, para os coelhos." Sal. 104:18.

Ele envia as fontes a correrem por entre as colinas, onde os pássaros têm sua habitação, "cantando entre os ramos". Sal. 104:12. Todas as criaturas dos bosques e colinas fazem parte de Sua grande família. Abre Sua mão e satisfaz "os desejos de todos os viventes". Sal. 145:16.

A águia dos Alpes é algumas vezes derrubada pela tempestade nos estreitos desfiladeiros das montanhas. A essa poderosa ave das florestas rodeiam nuvens tempestuosas, cujas negras massas a separam dos píncaros batidos de sol em que ela estabeleceu o lar. Parecem infrutíferos seus esforços para escapar. Bate aqui e acolá, açoitando o ar com as fortes asas, e despertando, com seus guinchos, ecos nas montanhas. Finalmente, com uma nota de triunfo, arremessa-se para cima e, cortando as nuvens, de novo se acha na clara luz solar, com a escuridão e tempestade muito abaixo. Igualmente nos podemos achar rodeados de dificuldades, desânimo e trevas. Cercam-nos falsidade, calamidades, injustiças. Há nuvens que não podemos dissipar. Batemo-nos em vão com as circunstâncias. Há um meio de salvamento, e apenas um. Cerração e neblina cercam a terra; para além das nuvens

Pág. 119

resplandece a luz de Deus. Para a luz de Sua presença podemos ascender com as asas da fé.

Muitas são as lições que assim se podem aprender. A de confiança, pela árvore que, crescendo sozinha na planície ou ao lado da montanha, penetra profundamente suas raízes na terra, e sua força vigorosa desafia a tempestade. A lição do poder exercido pelas primeiras influências, temo-la no tronco nodoso e informe, arqueado quando era um renovo, ao qual nenhum poder terrestre poderá restaurar a perdida simetria. O segredo de uma vida santa aprende-se do lírio aquático, que à tona de alguma poça viscosa, rodeado de ervas ruins e imundícias, penetra suas raízes nas puras areias abaixo e, dali derivando sua vida, ergue à luz as perfumadas flores, em pureza imaculada.

Assim, enquanto as crianças e jovens obtêm conhecimento dos fatos por meio de professores e livros, aprendam por si mesmos a tirar lições e discernir verdades. Nos seus trabalhos de jardinagem, interrogai-os sobre o que aprendem com o cuidado das suas plantas. Olhando eles para uma bela paisagem, perguntai-lhes por que Deus vestiu os campos e os bosques com tais matizes formosos e variados. Por que não foi tudo colorido com um fusco sombrio? Quando colherem flores, fazei-os pensar por que Ele nos poupou essas belezas que desapareceram do Éden. Ensinai-os a observar por toda parte na Natureza as manifestas evidências do pensamento de Deus para conosco, e a maravilhosa adaptação de todas as coisas à nossa necessidade e felicidade.

Somente aquele que reconhece na Natureza a obra de seu Pai, e que na riqueza e beleza da Terra lê a Sua escrita, é que aprende as mais profundas lições das

Pág. 120

coisas da Natureza, e recebe seu mais elevado auxílio. Só poderá apreciar amplamente a significação das colinas e vales, rios e mares, aquele que olhar para eles como a expressão do pensamento de Deus, como uma revelação do Criador.

Muitas ilustrações da Natureza são empregadas pelos escritores da Bíblia; e, observando nós as coisas do mundo natural, habilitamo-nos, sob a guia do Espírito Santo, para compreender mais amplamente as lições da Palavra de Deus. É assim que a Natureza se torna uma chave do tesouro da Palavra.

Devem-se animar as crianças a buscar na Natureza objetos que ilustrem os ensinos da Bíblia, e estudar nesta os símiles tirados daquela. Devem procurar, tanto na Natureza como na Escritura Sagrada, todos os objetos que representem a Cristo, e também os que Ele empregou para ilustrar a verdade. Desta maneira poderão aprender a vê-Lo na árvore e na videira, no lírio e na rosa, no Sol e na estrela. Poderão aprender a ouvir a Sua voz no canto das aves, no sussurro das árvores, no retumbante trovão, na música do mar. E todos os objetos na Natureza repetir-lhes-ão Suas preciosas lições.

Aos que assim se familiarizam com Cristo, a Terra jamais será um lugar solitário e desolado. Será a casa de seu Pai, repleta da presença dAquele que uma vez habitou entre os homens.

Disponível também pela CPB