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Atos dos Apóstolos
Livros 194
Autor: Ellen White
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Os links abaixo estão disponiveis com permissão do Ellen G. White Estate em Silver Spring, Maryland, EUA.

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"Entrando pois Festo na província, subiu dali a três dias de Cesaréia a Jerusalém. E o sumo sacerdote e os principais dos judeus compareceram perante ele contra Paulo, e lhe rogaram, pedindo como favor contra ele que o fizesse vir a Jerusalém." Atos 25:1-3. Fazendo este pedido tinham como plano armar-lhe ciladas no caminho para Jerusalém e matá-lo. Mas Festo tinha alto senso da responsabilidade de sua posição, e cortesmente se eximiu de enviar Paulo. Respondera "não ser costume dos romanos entregar algum homem à morte, sem que o acusado tenha presentes os seus acusadores, e possa defender-se da acusação". Atos 25:16. Declarou que "brevemente partiria" para Cesaréia. "Os que pois, disse, dentre vós têm poder, desçam comigo e, se neste varão houver algum crime, acusem-no." Atos 25:4 e 5.

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Não era isto o que os judeus desejavam. Não haviam esquecido sua anterior derrota em Cesaréia. Em contraste com a calma atitude do apóstolo e seus irretorquíveis argumentos, a própria malignidade do espírito deles e suas descabidas acusações apareceriam da pior maneira possível. De novo insistiram para que Paulo fosse enviado a Jerusalém para ser julgado, mas Festo manteve firmemente seu propósito de proporcionar a Paulo um julgamento justo em Cesaréia. Deus em Sua providência controlou a decisão de Festo, para que a vida do apóstolo fosse poupada.

Havendo falhado seus propósitos, os líderes judeus imediatamente se prepararam para testemunhar contra Paulo perante o tribunal do procurador. Havendo retornado a Cesaréia, depois de poucos dias de permanência em Jerusalém, Festo "no dia seguinte, assentando-se no tribunal, mandou que trouxessem Paulo". "Os judeus que haviam descido de Jerusalém", "o rodearam, trazendo contra Paulo muitas e graves acusações, que não podiam provar." Atos 25:6 e 7. Estando nessa ocasião sem um advogado, os próprios judeus apresentaram suas acusações. Ao prosseguir o julgamento, o acusado com calma e mansidão mostrou claramente a falsidade das acusações.

Festo compreendeu que a questão em disputa se prendia inteiramente a doutrinas judaicas, e que, convenientemente entendido, nada havia nas acusações feitas a Paulo, pudessem elas ser provadas, que merecesse sentença de morte, ou mesmo de prisão. Contudo, viu com clareza a tempestade de ódio que se levantaria se Paulo não fosse condenado ou entregue às mãos deles. "Todavia Festo, querendo comprazer aos judeus" (Atos 25:9), voltando-se para Paulo, perguntou se estava disposto a ir a Jerusalém sob sua

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proteção, para ser julgado pelo Sinédrio.

O apóstolo sabia que não podia esperar justiça do povo que, por seus crimes, estava atraindo sobre si a ira de Deus. Sabia que, como o profeta Elias, estaria mais seguro entre os pagãos do que com os que haviam rejeitado a luz do Céu e endurecido o coração contra o evangelho. Cansado de contendas, seu ativo espírito mal podia suportar as repetidas delongas e fatigante retardamento de seu julgamento e prisão. Decidiu, pois, valer-se de seu privilégio, como cidadão romano, de apelar para César.

Em resposta à pergunta do governador, Paulo disse: "Estou perante o tribunal de César, onde convém que seja julgado; não fiz agravo algum aos judeus, como tu muito bem sabes. Se fiz algum agravo, ou cometi alguma coisa digna de morte, não recuso morrer; mas, se nada há das coisas de que estes me acusam, ninguém me pode entregar a eles; apelo para César." Atos 25:10 e 11.

Festo nada sabia das conspirações dos judeus para matar a Paulo, e ficou surpreso com este apelo a César. Entretanto, as palavras do apóstolo puseram fim ao julgamento. "Festo, tendo falado com o conselho respondeu: Apelaste para César? Para César irás." Atos 25:12.

Assim foi que uma vez mais, por causa do ódio nascido do fanatismo e da justiça própria, um servo de Deus volta-se para os pagãos em busca de proteção. Foi este mesmo ódio que forçou o profeta Elias a buscar socorro

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da viúva de Sarepta; e levou os arautos do evangelho a volver-se dos judeus, para proclamar a mensagem do evangelho aos gentios. E este ódio o povo de Deus que vive neste século terá ainda que enfrentar. Entre muitos dos professos seguidores de Cristo, existe o mesmo orgulho, formalismo e egoísmo, o mesmo espírito de opressão que ocupou tão grande lugar no coração dos judeus. No futuro, homens que declaram ser representantes de Cristo tomarão atitude idêntica à dos sacerdotes e príncipes no seu trato com Cristo e os apóstolos. Na grande crise por que deverão em breve passar, os fiéis servos de Deus encontrarão a mesma dureza de coração, a mesma determinação cruel, o mesmo ódio inflexível.

Todo o que nesse dia mau se dispuser a servir a Deus com destemor, segundo os ditames de sua consciência, necessitará de coragem, firmeza e do conhecimento de Deus e Sua Palavra; pois os que forem fiéis a Deus serão perseguidos, seus motivos impugnados, desvirtuados seus melhores esforços e seus nomes repudiados como um mal. Satanás trabalhará com todo o seu poder enganador para influenciar o coração e obscurecer o entendimento, a fim de que o mal pareça bem, e o bem mal. Quanto mais forte e mais pura a fé do povo de Deus, e mais firme sua determinação de obedecer-Lhe, tanto mais ferozmente procurará Satanás instigar contra eles a ira daqueles que, embora se declarando justos, tripudiam sobre a lei de Deus. Requererá a mais firme confiança, o mais heróico propósito reter firme a fé que uma vez foi entregue aos santos.

Deus deseja que Seu povo se prepare para a crise

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prestes a vir. Preparados ou não, todos terão de enfrentá-la; e somente os que têm levado a vida em conformidade com a norma divina, permanecerão firmes naquele tempo de prova. Quando legisladores seculares se unirem a ministros de religião para legislarem em assuntos de consciência, ver-se-á então quem realmente teme a Deus e O serve. Quando as trevas são mais profundas, mais resplandece a luz de um caráter semelhante ao de Deus. Quando toda a demais confiança falha, então se verá quem tem uma confiança permanente em Jeová. E enquanto os inimigos da verdade estiverem, de todos os lados, observando os servos do Senhor para o mal, Deus estará vigiando sobre eles para o bem. Ele será para eles como a sombra de uma grande rocha numa terra sedenta.

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