“Ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado” (v.14). Um intervalo de dois anos ocorreu entre a primeira e a segunda visão de Daniel (v.1). Como se estivesse em outro lugar, o profeta levantou os olhos e viu (v.3) outros símbolos cujos significados apontavam novamente para o tempo do fim. Desta vez, apenas dois animais lhe são apresentados: um carneiro (v.3) e um bode (v.5). Perante Daniel estava a revelação do que haveria “de acontecer no último tempo da ira” (v.19). Percebam que os animais representam apenas dois reinos dos quatro que já estudamos (v.20 21). No entanto, um terceiro poder surge no enredo da visão. Vejamos: O “carneiro com dois chifres, que viste, são os reis da Média e da Pérsia” (v.20). Sobre ser um chifre maior do que o outro, escreveu Henry Feyerabend : “Os medos vieram primeiro, mas os persas tornaram se os membros dominadores dessa união”. Já “o bode peludo é o rei da Grécia; o chifre grande entre os olhos é o primeiro rei” (v.21). “Os gregos costumavam falar de si mesmos como o povo do bode, e tinham esse animal como símbolo nacional… Assim como o carneiro do verso 21, o bode é claramente identificado pelo anjo como a Grécia, e o estupendo chifre é identificado como o primeiro rei, Alexandre o Grande” (CPB, Daniel Verso por Verso, p.134, 135). Os “quatro chifres notáveis” (v.8) representam os quatro dos principais comandantes do exército grego que dividiram o império entre si, após a morte de Alexandre. Sobre o chifre pequeno requer uma especial atenção. Quando no verso nove declara que “de um dos chifres saiu um chifre pequeno”, ou, na edição Almeida e Corrigida, de 1995, onde lemos: “E de uma delas”, a melhor forma de compreendermos é extraindo o sentido do original hebraico: “Numa leitura superficial, pode parecer que o pequeno chifre saiu de um dos quatro chifres. Um especialista no texto hebraico descarta essa possibilidade. Chifres, em hebraico, são do gênero feminino, e a palavra original correspondente a ‘delas’ está no masculino. Por isso, não pode se referir aos chifres, mas sim aos ventos (v.8), que tanto podem ser masculino ou feminino” (CPB, Daniel Verso por Verso, p.136, 137). Partindo desta premissa, chegamos a uma linha de perfeita coerência entre esta visão, a visão anterior e o sonho de Nabucodonosor, considerando que o chifre pequeno se refere a Roma, pelos seguintes aspectos: “1. Roma segue a Grécia em Daniel 2 e 7. É lógico que Roma também devesse seguir a Grécia em Daniel 8. 2. Roma levantou se do oeste, encaixando se assim na descrição de um poder vindo dos quatro ventos. 3. O império romano dominou o Oriente Médio, ‘para a terra gloriosa’ (Daniel 8:9). 4. Roma ‘engrandeceu se até ao príncipe do exército’ (Daniel 8:11). Pôncio Pilatos e os soldados que condenaram e crucificaram Jesus eram todos romanos. 5. Roma tornou em ruínas o lugar do santuário, em 70 d.C., e terminou permanentemente os sacrifícios que ali ocorriam” (Daniel Verso por Verso, p. 138). O domínio romano tomou forma religiosa quando deu início a era de Roma papal, que “deitou por terra a verdade; e o que fez prosperou” (v.12). A Idade “escura” permaneceu durante o exato período de 1260 anos, como revelado nas profecias. Porém, ainda em meio às trevas espirituais, Deus começou a levantar servos fiéis que encontraram nas verdades da Palavra de Deus a verdadeira fonte de vida. Lutero, Huss, Jerônimo, dentre outros, iniciaram a obra que revolucionaria o mundo e que o prepararia para o cumprimento da profecia de Daniel 8:14 e de Apocalipse 10. Sabendo que, em profecia, um dia equivale a um ano, as “duas mil e trezentas tardes e manhãs” (v.14), referem se, portanto, a dois mil e trezentos anos, os quais estudaremos no próximo capítulo. Como Daniel, mesmo que tentemos compreender os propósitos divinos, não somos capazes de fazê lo a menos que Deus mesmo, de alguma forma, nos revele (v.15). O aparecimento do anjo Gabriel representa uma maneira muito especial do Senhor nos dizer que o que Ele mostrou ao Seu profeta tem tanta importância quanto a primeira vinda de Jesus a esta Terra: “Entende, filho do homem, pois esta visão se refere ao tempo do fim” (v.17). “Entende”, meu querido irmão e minha querida irmã, já estamos vivendo no “tempo determinado do fim” (v.19), e o príncipe deste mundo tenebroso tem feito “prosperar o engano” para destruir “a muitos que vivem despreocupadamente” (v.25). Mas, a pedra que arrojou a estátua do sonho de Nabucodonosor, quebrará, “sem esforço de mãos humanas” (v.25), o reino das trevas. Não existem mais diante de nós “dias mui distantes” (v.26), mas uma profecia que “se apressa para o fim e não falhará” (Hc.2:3). Portanto, tomemos, hoje, uma firme decisão ao lado da verdade que liberta (Jo.8:32) e que, muito em breve, quebrará o nosso jugo de pecado. Levantemos os olhos (v.3) e contemplemos, pela fé, o Deus que Se aproxima: “Olhai para Mim e sede salvos, vós, todos os limites da terra” (Is.45:22). Vigiemos e oremos! Rosana G Barros