- Patriarcas e Profetas VII. O Reino Unido
A Rebelião de Absalão
Capítulo: 071 072073
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Davi tinha negligenciado o dever de punir o crime de Amnom, e, por causa da infidelidade do rei e pai, e da impenitência do filho, o Senhor permitiu que os acontecimentos tomassem seu curso natural, e não restringiu Absalão. Quando pais ou governadores negligenciam o dever de punir a iniqüidade, Deus mesmo tomará o caso em mãos. Seu poder repressor será até certo ponto removido, das forças do mal, de modo que surgirá um séquito de circunstâncias que castigará o pecado com o pecado.
Os maus resultados da injusta condescendência de Davi para com Amnom não estavam terminados; pois agora é que começou o afastamento de Absalão, de seu pai. Depois que ele fugiu a Gesur, Davi, compreendendo que o crime de seu filho exigia algum castigo, recusou-lhe permissão para voltar. E isto teve como resultado aumentar em vez de diminuir o emaranhado de males em que o rei viera a ficar envolto. Absalão, enérgico, ambicioso e sem escrúpulos, excluído pelo seu exílio da participação nos negócios do reino, logo se deu a formular planos perigosos.
No fim de dois anos, Joabe resolveu efetuar a reconciliação entre o pai e o filho. E com este objetivo em vista conseguiu os serviços de uma mulher de Tecoa, afamada pela sua sabedoria. Instruída por Joabe, a mulher se fez passar a Davi por uma viúva, cujos dois filhos tinham sido sua única consolação e apoio. Em uma rixa, um destes matou o outro, e agora todos os parentes da família exigiam que o sobrevivente fosse entregue ao vingador do sangue. "Assim", disse a mãe, "apagarão a brasa que me ficou, de sorte que não deixam a meu marido nome, nem resto sobre a Terra." II Sam. 14:7. Os sentimentos do rei foram tocados com esse apelo, e ele assegurou à mulher a proteção real para seu filho.
Depois de arrancar dele repetidas promessas pela segurança do jovem, impetrou a clemência do rei, declarando que ele falara como alguém em falta, por não ter mandado buscar de volta para casa o seu exilado. "Porque", disse ela, "certamente morreremos, e seremos como águas derramadas na terra, que não se ajuntam mais: Deus, pois, lhe não tirará a vida, mas ideará pensamentos, para que se não desterre dEle o Seu desterrado." II Sam. 14:14. Este quadro terno e tocante do amor de Deus para com o pecador, vindo, como veio, de Joabe, o rude soldado, é uma prova notável da familiaridade dos israelitas com as grandes verdades da redenção. O rei, sentindo sua própria necessidade da misericórdia de