Existe um belo quadro representando um pastor à frente de seu rebanho, ao cair da noite, depois de haverem passado o dia nos pastos, em demanda agora do redil, para o desejado descanso. Embaixo, a legenda: "Rumo ao lar." Dóceis e satisfeitas seguem as ovelhas ao pastor. Sabem para onde as vai guiando, e não se deixam seduzir pelos desvios do caminho.
Assim nos vai guiando nosso sumo Pastor "rumo ao lar" do Céu. Vem já caindo a noite sobre a Terra, e aproximamo-nos do redil eterno. E almejamos o descanso ali.
É evidente que não está distante a hora feliz desse descanso. Diz-no-lo o desdobrar dos acontecimentos ao nosso redor, cumprindo ao pé da letra as profecias escatológicas. Pormenorizar aqui este assunto seria tão-somente repisar o que se disse nos estudos lidos.
Recordemos apenas, resumidamente, alguns desses acontecimentos que assinalam a proximidade da volta de Jesus Cristo para levar consigo os Seus filhos fiéis:
II Timóteo 3:1-4. Quem discordará do grande apóstolo, ao dizer que nestes nossos "últimos dias" a sociedade se corromperia a olhos vistos, aumentando assustadoramente o número dos "egoistas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, antes amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder?"
O mundo religioso infelizmente corre parelhas com o social. Nos II S. Pedro 3:3 e 4), "escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões," zombando da doutrina evangélica da vinda de Cristo.
Tomaria vulto a luta entre Capital e Trabalho, com o crescente descontentamento das classes trabalhadoras, e o acúmulo de riquezas por S. Tiago 5:1-8.
Não cabe aqui continuar a enumeração de sinais, já estudados em outra parte, nem aduzir outros, dos muitos que a Bíblia apresenta. Que Jesus Cristo "há de vir a julgar os vivos e os mortos" é o próprio Credo que o diz. A segunda vinda de Cristo "não é um vôo da fantasia, uma quimera da imaginação! É a convicção profunda do dogma, a certeza iluminada da fé!" no dizer do Pe. Júlio Maria.
A lembrança constante desse acontecimento solene, além de nos segredar conforto nas horas escuras, induz-nos a uma vigilancia igualmente constante, como o servo fiel, da parábola de Jesus. Leva-nos I S. João 3:3). Anelantes por conhecer a vontade do Senhor a nosso respeito, seremos atentos leitores de Sua Palavra, diligenciando sempre pô-la em prática em nosso viver cotidiano.
Nos vinte e três estudos que antecederam este, apresentou-se uma série de estudos que abrangem as principais doutrinas das Escrituras Sagradas. Se o leitor nada conhecia do conteúdo do maravilhoso Livro divino, terá agora uma vista geral do que de mais importante aparece em suas páginas sagradas. Se, como é provável, diante da disseminação que ultimamente vem tendo a Bíblia, já estava familiarizado com os seus ensinamentos, terá sem dúvida ampliado os seus conhecimentos em relação aos assuntos ventilados.
Apresenta-se agora a oportunidade áurea de uma tomada de posição. Conhecidos os principais aspectos das doutrinas bíblicas, já não suportamos ficar de braços cruzados. Conhecimento significa responsabilidade. Responsabilidade requer ação, decisão. E dessa responsabilidade não há escapar. Nossa atitude para com ela envolve interesses eternos. É questão de vida e morte. E nossa decisão não deve, não pode demorar. Há perigo, gravissimo perigo em a adiarmos. Quem nos garante que amanhã por estas horas estejamos com vida? Quem nos pode afirmar que ainda há tempo, que não há pressa, que podemos primeiro gozar um pouco a vida, e depois cogitar das coisas sérias?
Quando Árquias, tirano de Tebas, se banqueteava com os seus cortesãos, chegou um mensageiro trazendo-lhe o aviso de uma conspiração, e instando que lesse logo a mensagem, visto tratar de negócio grave. "Não há agora tempo para nos preocuparmos com isso! Para amanhã os negócios graves" disse o tirano. Dentro em pouco penetraram no recinto os conspiradores e apunhalaram a Arquias e todos os seus oficiais espartanos.
"Dedicarei os últimos dez anos de minha vida ao preparo espiritual," disse outrora um principe, dividindo a vida em periodos de dez anos: primeiro a educação, depois viagens, depois isto e aquilo, e depois. . . a religião. Mas a morte o surpreendeu antes de chegar a esse periodo.
Apocalipse 3:20. Pensamento inefável este, de intima comunhão com nosso Criador e Salvador que para tornar possivel esse convite, deu a vida por nós.
"Vinde a Mim, todos os que estais cansados e sóbrecarregados, e Eu S. Mateus 11:28. Prostremo-nos, penitentes mas confiantes, contritos mas animosos, aos pés de nosso Salvador, e Ele nos aliviará do peso insuportável dos nossos pecados. Abramos-lhe, hoje mesmo, de par em par a porta de nosso coração, e Ele entrará e comungará conosco!
Quando Gonçalves Dias se achava exilado da pátria, longe da qual se sentia nostálgico e solitário, cantava, nos transportes da saudade:
Sem que volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá,
Sem que inda aviste as palmeiras,
Onde canta o sabiá."
Enfermo e alquebrado, suspirava pelo descanso da pátria. Em viagem para cá, quando já avistava do navio as esbeltas palmeiras das praias do Maranhão, soçobrou o navio em que vinha, e o inditoso vate perdeu a vida, sem ver completamente satisfeitos os anelos de sua saudade. Já tão perto das palmeiras, e do sabiá que lhe cantaria as boas-vindas!
O barquinho de nossa vida navega inexoravelmente rumo de um de dois destinos: ou o porto celestial, ou o trágico soçobro, perto das praias eternas.
Ai de nosso batel, se não for Jesus o seu Piloto! Convidemo-Lo para tal, e deixemo-Lo guiar com Sua mão segura nosso barco, até arribarmos ao Porto de eterna bem-aventuranca!
(Convidamos o leitor a marcar os quadrinhos abaixo.)